UNITA pede que CNE angolana "tenha coragem de assumir os seus próprios resultados"
Adalberto Costa Júnior considera que "há uma profunda alteração de mandatos a favor da UNITA" e que os resultados das eleições em Angola não batem certo com a contagem que o próprio partido fez.
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A UNITA admite recorrer à justiça internacional porque considera que os resultados eleitorais apurados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) não batem certo com a contagem que o próprio partido fez, tendo como base as atas das 18 províncias do país.
Em declarações à CNN Portugal, o líder do partido diz que "foi feita uma fiscalização apertada e não deixámos passar nada. Temos uma série de processos que foram movidos, mas ainda temos múltiplos centros de escrutínio que ainda não concluíram o seu trabalho, mas que, até ao presente, permitem-nos concluir que há uma profunda alteração de mandatos a favor da UNITA", afirmou Adalberto Costa Júnior.
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O líder da UNITA pressiona a CNE para que "tenha coragem de assumir os seus próprios resultados" e admite manifestações do povo angolano, porque é "um direito constitucional que não pode receber repressão".
Ainda assim, apela à calma e pede "responsabilidade perante o momento" que considera "delicado". "Temos noção que estamos a lidar com um partido de estado que pensa que a governação é uma herança permanente, e não é", avisa.
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Em causa não está a derrota do partido, mas sim o número de mandatos atribuídos. O líder do partido do galo negro, Adalberto Costa Júnior, diz que está a recorrer a todas as instâncias judiciais com a reclamação, mas assume que, até agora, nada foi feito, nomeadamente pela Procuradoria-Geral da República, que classifica de "vergonha do país".
O líder da UNITA também referiu que só irá recorrer à justiça internacional após estar esgotada a justiça angolana.
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A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola aprovou a ata do resultado final das eleições numa reunião que decorreu na madrugada desta segunda-feira e na qual se apurou que o MPLA arrecadou mais de metade dos votos reclamados.
Dos 11.153 votos reclamados, 7925 foram considerados válidos. Destes, foram atribuídos 4360 ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e 2935 à União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) com os restantes a serem distribuídos pelos outros partidos.
Carlos Rosado de Carvalho, jornalista e professor da Universidade Católica de Angola, considera que a revisão destes votos não terá impacto nos resultados provisórios, que apontam a vitória do MPLA, com 51,07% dos votos, seguido da UNITA, com 44,05%.