Mais de 48 milhões de eleitores são chamados a votar para a primeira volta das eleições legislativas, mas as sondagens mostram que muitos vão ficar em casa.
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Os franceses são chamados às urnas este domingo para renovar os mandatos dos deputados da Assembleia Nacional. A primeira volta das legislativas é apresentada por alguns candidatos como a terceira volta das eleições presidenciais.
Pouco mais de 48,7 milhões de eleitores franceses votam este domingo na primeira volta das eleições legislativas, em 577 distritos eleitorais.
Desde 2002, as legislativas decorrem a cada cinco anos, algumas semanas depois da eleição presidencial para eleger 577 deputados eleitos por voto direto.
Para uma vitória na primeira volta é necessário obter 50% dos votos e uma participação de 25% dos eleitores inscritos. Caso contrário, os candidatos que conquistarem mais de 12,5% passam para a segunda volta.
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As eleições legislativas não costumam mobilizar os eleitores franceses. Em 2017, na segunda volta, 57,36% dos eleitores não foram votar - um recorde de abstenção desde 1958, ano em que foi aprovada a Constituição em vigor em França.
Este ano, apesar de a votação parecer interessar os eleitores por ser considerada como uma espécie de "terceira volta" das eleições presidenciais, as sondagens apontam que um em cada dois eleitores não vai votar.
O poder de compra é a maior preocupação dos eleitores. "Apesar da ajuda do rendimento social de inserção, não consigo fazer compras no supermercado. Este mês sobram-me 230 euros para viver e com dois filhos não posso viver assim», aponta esta eleitora.
Outros eleitores sentem-se esquecidos pelos políticos. "É preciso que os políticos se reúnam e criem novas condições de vida dos franceses e deixem de se concentrar apenas nas indústrias... porque nos sentimos pequenos", descreve o eleitor.
A 24 de abril, os franceses voltaram a eleger Emmanuel Macron, não votaram por convicção no programa do chefe de Estado, mas para impedir que a candidata da extrema direita, Marine Le Pen, chegasse ao poder.
A frustração é observada pelos eleitores de esquerda, que viram o candidato Jean-Luc Mélenchon, do partido A França Insubmissa, chegar muito perto da segunda volta, mas ser eliminado pela candidata de extrema-direita.
Surgiu assim a coligação de esquerda, a Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes), formada por quatro partidos - A França Insubmissa; Europa, Ecologia, Os Verdes; Socialista; e Comunista.
Caso obtenha a maioria na Assembleia Nacional, ou seja, 289 cadeiras no plenário, Jean-Luc Mélenchon pretende reivindicar o cargo de primeiro-ministro. Cabe ao Presidente da República nomear o chefe de governo, que não necessariamente deve ser o líder escolhido pela maioria, mas precisa vir do grupo ou partido que elegeu o maior número de deputados.