Dados provisórios que se prendem com a análise de um ensaio clínico com 20 mil pessoas demonstram uma tolerância e eficácia elevada da vacina em sintomáticos com mais de 18 anos ou adultos com mais de 60.
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São dados provisórios - referentes a 20 mil participantes de um ensaio clínico - os que atribuem à vacina Sputnik V uma eficácia de 91,6%. A vacina apresentará melhores resultados em pacientes sintomáticos com mais de 18 anos ou adultos com mais de 60.
O ensaio clínico mostrou uma tolerância significativa às duas doses da vacina. A revista científica The Lancet adianta que o ensaio ainda visará um total de 40 mil participantes, no sentido de compreender três aspetos: a eficácia da inoculação para menores de 18 anos, a proteção conseguida com uma dose única e para os assintomáticos.
Dois investigadores da Escola de Medicina e Higiene Tropical de Londres, no Reino Unido, assinalam os dados provisórios como um sinal de que uma nova vacina deverá juntar-se ao combate à pandemia. O estudo divulgado pela revista The Lancet refere uma eficácia de 91,6% no universo dos 20 mil voluntários, dos quais três quartos receberam a vacina e um quarto recebeu a injeção de um placebo.
Não foi detetado qualquer efeito adverso em reação à injeção. Quatro mortes, registadas durante o ensaio, foram justificadas por causas alheias à inoculação.
Duas mil pessoas com mais de 60 anos foram incluídas no ensaio. Para este grupo, a eficácia será, para já, de 91,8%. No ensaio clínico, entre as duas doses da vacina decorreu um período de 21 dias.
Estes dados parecem colocar a Sputnik V entre as vacinas com melhores desempenhos, como as da Pfizer/BioNTech, que anunciam uma eficácia de cerca de 95% mas utilizam, no entanto, uma tecnologia diferente (RNA mensageiro).
Nas últimas semanas começaram a surgir pressões para que a Agência Europeia do Medicamento (EMA na sigla em inglês) avaliasse rapidamente o desempenho da Sputnik V, já utilizada na Rússia e em países como a Argentina e a Argélia.
Os resultados agora publicados na The Lancet dizem respeito à última fase de ensaios clínicos da vacina, a fase três. "São ainda necessárias mais pesquisas para determinar a eficácia da vacina em casos assintomáticos e na transmissão" da doença, refere a revista The Lancet em comunicado.
A Sputnik V da Rússia é uma vacina de vetor viral, ou seja, utiliza outros vírus tornados inofensivos para o organismo humano e adaptados para combater a Covid-19.
Trata-se da mesma técnica utilizada pela vacina da AstraZeneca (Oxford), que apresenta uma eficácia de 60%, segundo a EMA.
Enquanto a vacina da AstraZeneca se baseia num único adenovírus de chimpanzé, a Sputnik V utiliza dois adenovírus humanos diferentes para cada uma das injeções.
Segundo os seus criadores, a utilização de um adenovírus diferente em reforço da primeira injeção deverá causar uma melhor resposta imunológica.
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