O Governo venezuelano e a oposição chegaram a um acordo para a criação conjunta de uma "comissão da verdade" que vai investigar as denúncias de tortura e as várias situações de violência ocorridas no país.
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O acordo teve lugar no âmbito da segunda reunião de diálogo entre o Governo venezuelano e a oposição que terça-feira decorreu em Caracas e que tem como promotores o Vaticano, o Brasil, o Equador e a Colômbia.
Segundo Ramón Guillermo Azevedo, secretário da coligação Mesa de Unidade Democrática (MUD), da oposição, a "comissão da verdade" será composta por reconhecidas personalidades da sociedade venezuelana e deverá analisar 60 denúncias de casos de tortura e maus tratos que aconteceram no país.
A oposição vai analisar e fazer propostas em matéria de segurança, prevenção e sanção dos delitos para o Plano de Pacificação Nacional lançado pelo Presidente Nicolás Maduro.
Por outro lado, e de acordo com Ramón Guillermo Azevedo, ainda «não foi aceite» a proposta da oposição para criar uma Lei de Amnistia para os presos políticos e exilados, mas o Governo venezuelano assumiu o compromisso de criar uma junta médica para analisar a saúde de Iván Simonovis, um comissário condenado a 30 anos de cadeia pelo envolvimento nos acontecimentos violentos que em abril de 2002 afastaram temporariamente Hugo Chávez do poder.
Na reunião, a oposição condenou ainda qualquer manifestação de violência no país e vincou o apoio e o respeito firme pela Constituição do país.
Segundo o vice-presidente da Venezuela, Jorge Arreaza, a segunda reunião entre governo e oposição decorreu sob alguma «tensão», mas as partes mantiveram o «diálogo, respeito e tolerância».
«Avança o diálogo pela paz e pela justiça sem impunidade», disse Jorge Arreaza aos jornalistas, saudando a disponibilidade da MUD para integrar ao Plano Nacional de Pacificação.
A Venezuela regista há dois meses protestos diários em várias regiões do país e que já provocaram 42 mortos, mais de 600 feridos e avultados danos materiais.