Von der Leyen afirma que o mundo enfrenta "colisão de crises que vai amplificar a insegurança alimentar".
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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen acusou esta quarta-feira o Kremlin de "amplificar" insegurança alimentar mundial, como resultado da "guerra de agressão", na Ucrânia. Von der Leyen afirma que as sanções europeias não incidem sobre "produtos alimentares básicos".
A falar na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, Ursula von der Leyen acusou o Kremlin de colocar a alimentação entre o seu "arsenal" de armamento, e por essa razão, entende que o mundo deve preparar-se para a realidade.
"Não devemos ter ilusões sobre os desafios à nossa frente: Estamos a enfrentar uma colisão de crises que vai amplificar a insegurança alimentar e o endividamento em todo o mundo", afirmou, admitindo que uma parte das múltiplas crises está relacionada com a herança da pandemia e com as alterações climáticas, mas "os impactos têm um elemento comum".
"Eles são massiva e deliberadamente agravados pela guerra de Putin", afirmou, considerando que são consequência dos "bombardeamentos" na Ucrânia, o "bloqueio dos portos" do país e "em alguns casos até o roubo de cereais" por navios russos "agravam a crise" ainda mais.
"Este é um cerco frio e calculado por Putin a alguns dos países e pessoas mais vulneráveis no mundo. E, portanto, a comida tornou-se agora parte do arsenal de terror do Kremlin e não podemos tolerar isto", afirmou perante os eurodeputados.
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Durante a sessão em que deu nota dos resultados da última cimeira europeia, a 30 e 31 maio, a chefe do executivo comunitário contrariou os argumentos do Kremlin, descartando os efeitos das sanções sobre o bloqueio aos cereais. Von der Leyen considera que o Kremlin é responsável pela retenção de 20 milhões de toneladas de cereais nos portos ucranianos.
"As nossas sanções não tocam em produtos alimentares básicos. Elas não afetam o comércio de cereais ou outros alimentos entre a Rússia e países terceiros e o embargo aos portos têm isenção total especificamente para os produtos agrícolas", esclareceu a presidente da Comissão.
A Rússia tem acusado a União Europeia de "provocar uma crise alimentar", através das medidas retaliarias que foram aplicadas ao à economia russa. Von der Leyen rejeita essas afirmações.
"Vamos cingir-nos à verdade. É a guerra de agressão de Putin que alimenta a crise alimentar e nada mais", afirmou Von der Leyen, com o objetivo de "desmantelar a desinformação russa".