Espécie humana é "muito bem-sucedida neste mundo". Fim da pandemia trará o "crescimento pós-traumático"
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Especialista em síndrome de pânico, transtorno de ansiedade e stress pós-traumático, Steven Taylor assegurava, no início de 2019, que "uma nova pandemia, de consequências potencialmente devastadoras, deveria ocorrer nos próximos anos".
No livro "The Psychology of Pandemics: preparing for the next global outbreak of infectious disease", o professor e psicólogo clínico do Departamento de Psiquiatria da University of British Columbia debruça-se sobre a "psicologia da pandemia", que influencia a evolução da infeção pandémica e o sofrimento emocional causado pela doença.
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O psicólogo e investigador canadiano é o orador principal do evento de acesso gratuito "A Psicologia da Pandemia", que se realiza a 15 de fevereiro, às 18h00, na plataforma Zoom. A iniciativa é do ISPA - Instituto Universitário, e junta Steven Taylor a Daniel Sousa, psicólogo clínico, psicoterapeuta e presidente da Sociedade Portuguesa de Psicoterapia Existencial.
À TSF, Steven Taylor revela acreditar na superação total do ser humano e explica como a Humanidade voltará a dominar o mundo, onde a pandemia para já prolifera.
Os cientistas que previram a chegada de uma pandemia focaram-se sobretudo em evidências da biologia, da medicina e epidemiologia. Mas o seu livro "A Psicologia da Pandemia" foca-se em questões da psicologia. Que fatores são esses?
Quando me interessei pela psicologia das pandemias, apercebi-me de que as pandemias não eram apenas o vírus a tornar-se viral. Os seres humanos tinham muito que ver com a capacidade de o vírus se transmitir ou de ser contido. Quando as pessoas viajam, quando se recusam a ficar em casa e viajam mesmo estando doentes, isso vai propagar o vírus. Quando as pessoas se recusam a resguardarem-se quando tossem, a lavarem as mãos ou a cumprirem o distanciamento social, isso pode tornar a pandemia mais difícil de conter. Por isso, a psicologia é extremamente importante na compreensão de como a pandemia se espalha e de como se controla também.
Quase tudo o que estamos a ver na Covid-19 já foi visto noutras pandemias. Mas a diferença é que aspetos como o pânico ou as teorias da conspiração ou a ansiedade são propagados muito mais rapidamente.
Isso significa que muitas doenças poderiam tornar-se epidemias, dependendo do comportamento das pessoas?
Em princípio, sim. Muitas doenças, particularmente as infecciosas e altamente contagiosas, como as as infeções respiratórias, em que espirrar e tossir são fontes de contaminação... Os seres humanos são tão móveis hoje em dia, viajamos para todo o lado, por isso, se transportamos connosco uma infeção e nos deslocamos, claro que é fácil transmiti-la.
Neste momento, a propagação acontece quase por todo o mundo. Há uma grande variedade de comportamentos por parte das populações. Mas o que vê hoje é o que esperava ver?
Quase tudo o que estamos a ver na Covid-19 já foi visto noutras pandemias. Mas a diferença é que aspetos como o pânico ou as teorias da conspiração ou a ansiedade são propagados muito mais rapidamente por causa das redes sociais e os novos ciclos noticiosos de 24 horas. Por isso, as pessoas veem mais notícias e ficam mais ansiosas, num ritmo muito mais acelerado. Infelizmente, nesta pandemia, realidades como a desinformação e teorias da conspiração propagaram-se com muito mais rapidez e com mais alcance, comparando com outros surtos anteriores. Todos os fenómenos a que estamos a assistir com a Covid-19 já foram vistos, e eram previsíveis. A diferença é que são mais abrangentes e mais rápidos.
Os seres humanos são criaturas sociais, e controlar uma pandemia implica que deixem de ser sociais. O confinamento, por exemplo, pode causar muito stress, ansiedade e depressão.
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Defendeu, há três anos, que uma pandemia teria consequências devastadoras. Prevê, além das dificuldades que têm enfrentado os sistemas de saúde e as economias, outro tipo de consequências?
Estava a falar de uma forma abrangente, no impacto na saúde, com os serviços assoberbados e os profissionais de saúde a ficarem emocionalmente exaustos e em burnout. Estava a falar do impacto económico, que é vasto: aspetos como o distanciamento social são intervenções extremamente caras, não só nacionalmente como individualmente.
As pessoas estão a passar por angústias financeiras, preocupadas por não conseguirem pagar a renda.
E depois há ainda a questão do isolamento social. Os seres humanos são criaturas sociais, e controlar uma pandemia implica que deixem de ser sociais. O confinamento, por exemplo, pode causar muito stress, ansiedade e depressão. Claro que há prejuízos emocionais.
E, finalmente, também me preocupa a desinformação, as teorias da conspiração antimáscara, antivacina e protestos anticonfinamento, que causam muita disrupção social. Há muitos fatores a contribuir para o impacto da pandemia.
Para pessoas anteriormente diagnosticadas com problemas de ansiedade e perturbações obsessivas compulsivas está a ser um período particularmente difícil. É isso que verifica?
Estamos a descobrir, com a nossa investigação, que pessoas com problemas preexistentes de ansiedade ou perturbações obsessivas compulsivas estão a passar por um período difícil. Muitas estão. Estão a experienciar mais ansiedade do que o que seria previsível, por causa desta pandemia. Estas são as pessoas que eu espero que procurem ajuda psicológica ou que estejam a comunicar com os seus terapeutas. Para muitos indivíduos, está a ser um momento difícil.
Vemos que o estado mental das pessoas melhora quando o confinamento é aliviado, quando podem sair, ir a cafés e restaurantes e podem socializar. Para muitas pessoas, as melhorias são dramáticas.
O medo aumentou substancialmente entre pessoas com perturbações obsessivas compulsivas?
Depende do tipo de perturbação obsessiva compulsiva que a pessoa tem. Para as pessoas que têm obsessões de contaminação e compulsões de lavagem, a perturbação germofóbica, sim, está a ser muito difícil agora, com todo o medo que têm de serem infetadas. São as pessoas que mais necessidade têm de receber ajuda de profissionais da saúde mental.
Algumas pessoas desenvolverão problemas a longo prazo. Será uma minoria.
Observa também um aumento dessas desordens em pacientes que anteriormente não as tinham?
Sim, observamos. Essa é uma pergunta interessante, porque estamos a ver que pessoas que não tinham problemas anteriormente estão a ficar muito ansiosas e até deprimidas. Mas a questão é: esses problemas vão persistir no pós-pandemia? Ou os níveis de ansiedade vão simplesmente descer? Porque também vemos que o estado mental das pessoas melhora quando o confinamento é aliviado, quando podem sair, ir a cafés e restaurantes e podem socializar. Para muitas pessoas, as melhorias são dramáticas.
Mas algumas pessoas desenvolverão problemas a longo prazo. Será uma minoria.
Se uma pessoa vivenciou um episódio traumático durante a pandemia - digamos que tenha ficado muito doente com Covid-19 e que tenha estado com um ventilador, com muito medo de morrer -, pode passar por stress pós-traumático. E isso pode tornar-se crónico, a não ser que seja tratado.
Diria que os efeitos, por exemplo, nos profissionais de saúde, podem assemelhar-se ao stress pós-traumático de quem esteve a combater na guerra?
Penso que sim, mas acredito que isso acontecerá para uma minoria de pessoas, que terá esse tipo de reações. Mas há tratamentos cada vez mais eficazes para esses problemas. Espero que, se as pessoas estiverem a experienciar sensações de trauma, tentem procurar um tratamento.
Muitos profissionais que estão na linha da frente, de uma forma geral, estão em burnout, ou estão a viver um início de depressão e a sentir irritabilidade e perturbações do sono. Muitos estão emocionalmente exaustos.
Mas espero que, quando a pandemia acabar, esses problemas desapareçam.
As pessoas começam por estar bem, mantendo-se ocupadas. Depois, começam a ficar aborrecidas. O aborrecimento leva à solidão e a sentimentos de depressão.
O ser humano está a passar por fases idênticas em termos de saúde mental durante a pandemia? Divide, de alguma forma, a pandemia em fases de estado psicológico?
Há alguns estados pelos quais as pessoas passam, e há reações mais ou menos comuns. As pessoas começam por estar bem, mantendo-se ocupadas. Depois, começam a ficar aborrecidas. O aborrecimento leva à solidão e a sentimentos de depressão, o que conduz as pessoas a esforços para serem mais criativas na interação com as pessoas. Isso esteve na base das noites de aplausos aos profissionais de saúde.
Sabemos que, quanto mais o confinamento se prolonga, mais cansativo se torna. As pessoas devem estar atentas aos seus estados de espírito, a como se vão sentindo ao longo do tempo.
Em Portugal, houve um primeiro confinamento quando o número de novos casos diários era bastante mais baixo do que o desta terceira vaga. No entanto, a perceção de risco diminuiu...
Isso prova que as pessoas se habituam a tudo. Há também a consciência de que há uma vacina a caminho. O ser humano é muito adaptável. Já não sente tanto medo de ser contaminado, já só está exausto de tanto confinamento.
Antecipo que, quando esta pandemia terminar e todas as restrições forem levantadas, haverá uma hipersocialização. Haverá uma espécie de loucos anos 20.
Considera possível que toda a angústia, tristeza e ansiedade se esvaneçam assim que a pandemia chegar ao fim?
Haverá uma minoria de pessoas que ficará com problemas persistentes. Quem perdeu entes queridos, quem perdeu filhos ou avós para a Covid-19, quem ficou muito doente pode desenvolver uma tristeza persistente. Vai ser necessário um tratamento.
No entanto, a maior parte das pessoas vai superar. As suas vidas vão voltar ao normal, e sabemos isso pelos anteriores desastres naturais e pandemias também. Depois da Gripe Espanhola, em 1918, as pessoas viveram os loucos anos 20. As pessoas deixaram de usar máscaras, juntaram-se, saíram e socializaram muito. Por isso, antecipo que, quando esta pandemia terminar e todas as restrições forem levantadas, haverá uma hipersocialização. Haverá uma espécie de loucos anos 20, com as pessoas fora de casa e a reunirem-se em festas, a divertirem-se muito. E a vida vai voltar ao normal.
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Não será estranho para as pessoas, numa fase inicial, não usar máscaras e poderem estar próximas?
No início, poderá parecer-nos estranho, mas a maior parte das pessoas vai adaptar-se muito rapidamente. Isso aconteceu depois da Gripe Espanhola, e aconteceu em Wuhan. Em agosto de 2020, surgiram fotografias de grandes festas em Wuhan, em que as pessoas não usavam máscara. Isso demonstra o quão resilientes são as pessoas e como são capazes de recuperar.
Talvez seja estranha a primeira vez em que formos a uma festa, a um estádio ou a um concerto de rock, com milhares de pessoas sem máscara. Mas a vida vai voltar ao normal.
Algumas pessoas tiveram situações transformadoras durante a pandemia. A questão é, no entanto, se essas mudanças vão persistir.
Tudo ficará igual? A pandemia não será uma experiência transformadora para a Humanidade?
É um bom ponto o que levantou. Fizemos alguns estudos sobre essa matéria: estas coisas transformadoras a que chamo crescimento pós-traumático. Temos algumas conclusões provisórias e outros estudos sobre surtos anteriores que demonstram que muitas pessoas sentem que alguns males vêm por vem. Que crescem enquanto seres humanos, devido a tudo o que aconteceu. Algumas pessoas dizem: "Sim, sinto que sou mais resiliente ao stress agora, ou dou mais valor aos amigos e à família. Estou a apreciar melhor as coisas mais pequenas da vida." Algumas pessoas dizem que se tornaram mais espirituais. Por isso, sim, algumas pessoas tiveram situações transformadoras durante a pandemia. A questão é, no entanto, se essas mudanças vão persistir nos meses e anos após a Covid-19. Talvez sejam mais gratas em relação às pequenas coisas da vida agora, mas, um ano depois, estarão a tomar tudo isso como garantido. Nós não sabemos ainda... Mas espero que, pelo menos para algumas pessoas, essas transformações de crescimento permanecerão.
Nós, seres humanos, sobrevivemos a inúmeras pandemias, a epidemias e a surtos. Sobrevivemos às devastadoras pestes e reagimos, enquanto Humanidade. Penso que a nossa vantagem enquanto espécie humana é que somos muito resilientes, muito bem-sucedidos e robustos nas nossas adaptações, porque dominamos o planeta. Nós sobrevivemos a inúmeros surtos e doenças, e vamos sobreviver a esta também. Se as mudanças positivas vão persistir eu não sei, neste momento.
Quando esta pandemia terminar, ainda teremos os problemas das alterações climáticas para enfrentar.
Acredita que a pandemia alterará a compreensão do que é a comunidade?
Nós realmente precisamos de a repensar porque, quando esta pandemia terminar, ainda teremos os problemas das alterações climáticas para enfrentar. Essa é uma situação a que também podemos responder, mas a um nível comunitário. Por isso, temos de começar a pensar mais como uma comunidade, em vez de nos focarmos nas nossas necessidades individuais. Esta pandemia ensinou-nos, e espero que levemos essas lições para lidarmos com os desafios futuros com o aquecimento global.
As alterações climáticas, a par da pandemia, também são um tema que gera discórdia, devido à existência de negacionistas. Como explica a necessidade de criar verdades alternativas?
Há vários motivos pelos quais as pessoas fazem isso. Algumas pessoas acreditam em teorias da conspiração e acreditam que tudo se trata de uma tentativa de controlo por parte do Governo. Têm mentes desconfiadas e uma mentalidade conspiratória. Por isso, não acreditam nas verdades inconvenientes sobre as alterações climáticas. Algumas pessoas estão apenas a seguir os seus líderes políticos.
Donald Trump diz que as alterações climáticas são um embuste, e os seguidores vão acreditar. Essas pessoas podem não ser autores de teorias da conspiração, são apenas seguidores de Trump. E há outras pessoas que não querem acreditar que coisas tão más aconteçam. Por isso, há muitas razões pelas quais as pessoas negam ou desconsideram essas realidades.
Algumas pessoas podem ser persuadidas, mas outras querem continuar a acreditar que uma grande sombra está a controlar o mundo. Aliás, se as tentarmos persuadir, assumirão que fazemos parte dessa conspiração. Mas a boa notícia é que se trata de uma minoria.
Se compararmos esta pandemia com a de 1918, naquela época, os cemitérios não conseguiam enterrar os mortos depressa o suficiente, porque eram muitos. Por isso, a experiência da morte era muito mais comum.
Mesmo para alguns mais atentos, a ideia de pandemia não foi fácil de aceitar inicialmente...
Nenhum de nós tinha passado por uma pandemia grave, embora tenha havido pandemias em 2009. Foi muito mais pequena, quando comparada com esta. Há muitas incertezas numa pandemia, e, em dezembro de 2019, não havia certezas de que esta nova infeção se iria propagar. Muitas pessoas acreditavam que se manteria localizado e muito restrito. Quando a infeção se espalhou pelo mundo, em abril ou maio de 2020, algumas pessoas não a levavam a sério por causa da natureza desconhecida desta pandemia.
A maioria das pessoas, nessa altura, não conhecia alguém que tivesse estado infetado ou que tivesse morrido. Todas as histórias que conheciam eram as veiculadas pelas notícias. Havia uma sensação de irrealidade. Se compararmos esta pandemia com a de 1918, naquela época, os cemitérios não conseguiam enterrar os mortos depressa o suficiente, porque eram muitos. Por isso, a experiência da morte era muito mais comum naquela altura. As pessoas levavam a pandemia a sério por causa disso. Em 2020 e em 2021, é mais abstrato, é mais irreal.
O que mais o surpreendeu nesta pandemia?
Eu sabia que haveria teorias da conspiração, e as teorias da conspiração que vemos são exatamente as que víamos no passado. Foram recuperadas. Mas não esperava que se tornassem tão omnipresentes ou tão propagadas. No passado, teorias da conspiração viviam no seu pequeno círculo, residiam no seu próprio grupo. E eram discutidas nos seus pequenos grupos, mas não eram tão disseminadas nem conhecidas. A diferença é que nesta pandemia os líderes políticos lançaram teorias da conspiração, particularmente Donald Trump. Por isso, os negacionistas receberam uma cobertura noticiosa muito mais ampla do que a que normalmente teriam. Em 2018, quando comecei a escrever o livro - "A Psicologia da Pandemia" -, eu previa que haveria adeptos de teorias da conspiração, mas que seriam limitadas. Não esperava que os líderes mundiais fossem os primeiros a disseminá-las.
Um dos grandes incentivos pelos quais as pessoas querem a vacina é a possibilidade de fazerem viagens internacionais.
Haverá sempre diferenças de opinião. Quando chegar a próxima pandemia, podemos esperar teorias da conspiração e que algumas pessoas digam que é mais um embuste. Isso é socialmente disruptivo, mas a espécie humana é muito bem-sucedida neste planeta. Haverá quem o queira sabotar, mas, em geral, somos resilientes e lidamos muito bem com situações de stress.
A receção às vacinas foi a que esperava?
Inicialmente muitas pessoas não se sentiam seguras. Muitos preocupavam-se com a produção da vacina, consideravam que tinha sido muito precipitada. Que tinha sido conseguida muito rapidamente. Mas os estudos mostram que as pessoas estão a ficar mais confortáveis com a ideia de uma vacina, que estão a ver os familiares a serem vacinados, ou a vacinação a acontecer noutros países com muito poucos efeitos secundários.
No Canadá ainda não estamos a receber a vacina, exceto os profissionais de saúde. No entanto, no final do ano, isso deve acontecer para muitas pessoas e acredito que a maioria das pessoas quererá ser vacinada.
Sabemos que um dos grandes incentivos pelos quais as pessoas querem a vacina é a possibilidade de fazerem viagens internacionais. Dizem: "Sim, eu quero viajar, por isso aceito a vacina."
Provavelmente teremos de esperar pelo fim da pandemia para termos uma felicidade verdadeira e intensa.
É interessante para si viver este período, enquanto investigador?
Interessante, mas sobretudo importante. Nunca estive tão ocupado na minha carreira. Compreender a psicologia da pandemia é muito importante para entender as implicações na saúde mental e para comunicar com a população. Muitas pessoas têm-me pedido ajuda: casos de depressão, profissionais de saúde em burnout, pacientes com perturbações obsessivas compulsivas com muito medo de sair à rua ou de tocar em objetos.
É possível ser feliz neste momento de pandemia, sem qualquer certeza em relação ao futuro?
Será muito difícil. A incerteza faz com que seja muito difícil viver uma vida realmente feliz. Talvez as pessoas possam sentir alguma satisfação, mas será desafiante experienciar a verdadeira e duradoura felicidade. As pessoas nas nossas comunidades estão a ficar doentes e estão a morrer, mas é possível encontrar significado nas nossas vidas, que trará algum tipo de satisfação. Esse significado pode prender-se com ajudar os outros, fazer algo pela comunidade ou pelos nossos familiares. Provavelmente teremos de esperar pelo fim da pandemia para termos uma felicidade verdadeira e intensa.
Quando esta pandemia chegar ao fim, teremos de ter os recursos de saúde mental para tratar um vasto número de indivíduos.
O que espera que a Humanidade aprenda com a pandemia?
Espero mesmo que não nos esqueçamos da lição que estamos a aprender durante a pandemia de Covid-19. Eu li sobre a passagem de ano de 2020 para 2021, e havia declarações nos jornais de pessoas que diziam que queriam esquecer 2020. "Vamos esquecer 2020 e seguir em frente."
Eu consigo compreender isso, de querer esquecer, mas temos de nos lembrar. Temos de nos lembrar das lições tiradas, temos de recordar como subestimámos tudo isto, como não estávamos preparados. E temos de perceber que, quando esta pandemia chegar ao fim, teremos de ter os recursos de saúde mental para tratar um vasto número de indivíduos. Precisamos de ter plataformas com base na internet. Não temos o luxo de tratar os pacientes presencialmente num consultório de psicologia ou psiquiatria. Temos de ter plataformas na internet e programas profissionais, de preferência gratuitos e acessíveis a pessoas em todo o tipo de áreas na comunidade, incluindo zonas rurais. Temos de aprender essa lição.
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