"Quando é que vai ser pico? Não sei e ninguém sabe." Nelson Teich não quer fazer "promessas" para depois ser questionado sobre o que está a fazer de errado caso a data não coincida.
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O ministro da Saúde brasileiro, Nelson Teich, disse na quarta-feira não saber quando ocorrerá o pico da pandemia do novo coronavírus no país, acrescentando que existe uma "possibilidade real" de uma segunda vaga da doença.
"Quando é que vai ser pico? Não sei e ninguém sabe. Um dos grandes problemas de se definir uma data é que aquela sugestão transforma-se numa promessa de um dado real. Quando aquilo não acontece, toda a gente começa a perguntar-se se não estaremos a fazer algo errado apenas porque a data não coincidiu", afirmou o novo responsável pela Tutela da Saúde, numa audiência virtual do Senado.
Segundo as estimativas do anterior ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, exonerado este mês pelo Presidente, Jair Bolsonaro, após divergências na questão do isolamento social, o país teria uma subida aguda no número de casos no corrente mês de abril, permanecendo em alta em maio e junho, sendo esse o período mais preocupante.
A partir de julho, o então ministro previu o início da desaceleração e, em agosto, um movimento de queda.
Efetivamente, o país tem registado números recorde de mortes e novos casos nas últimas semanas.
Só nas últimas 24 horas, o Brasil registou 449 mortos e 6.276 novos casos da covid-19, atingindo um novo recorde diário de infetados desde o início da pandemia no país, segundo o Ministério da Saúde.
Na terça-feira, o país já tinha contabilizado o maior número de mortos (474) num único dia.
No total, o país sul-americano regista 5.466 óbitos e 78.162 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus.
Na audiência com senadores, Nelson Teich afirmou ser "real" a possibilidade de uma segunda vaga da covid-19 no país, acrescentando não haver dados suficientes que garantam que a mesma pessoa não possa ser infetada pelo mesmo vírus mais do que uma vez.
"Incertezas sobre os dados deixam em alerta para a possibilidade de uma segunda onda. Ela é real. Outro dado importante é que já existem relatos isolados de pessoas que tiveram a doença duas vezes", afirmou o ministro, frisando que não há garantias de que sejam criados anticorpos após a primeira infeção.
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Teich disse ainda que não há uma recomendação do Governo para o regresso às aulas, frisando que a orientação original do Ministério, de manter o distanciamento social, nunca foi mudada.
"Em relação à volta às escolas, estamos a desenhar uma estratégia que vai ser feita e vai ter critérios, mas, neste momento, não existe qualquer recomendação de volta às escolas. Temos lugares diferentes no mundo que colocaram o regresso às escolas em diferentes pontos, mas hoje não temos essa recomendação", indicou o governante.
"O Ministério nunca se posicionou sobre a saída do distanciamento. Isso tem de ficar muito claro. Nunca. (...) Está a ser feita uma nova diretriz, e cada estado vai poder usar essas diretrizes para sua a própria realidade", reforçou.
O Ministério da Saúde informou ainda que o Brasil registou, até à tarde de quarta-feira, a recuperação de 34.132 pacientes infetados, sendo que 38.564 doentes continuam sob acompanhamento. Está ainda a ser averiguada a eventual relação de 1.452 óbitos com o novo coronavírus.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 224 mil mortos e infetou mais de 3,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Cerca de 890 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.