O autor tinha 70 anos.
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Luis Sepúlveda morreu esta quinta-feira, aos 70 anos, com o novo coronavírus.
A notícia já foi confirmada pela TSF, junto da Porto Editora, que publicava as obras do autor chileno mais lido da atualidade. O escritor encontrava-se em Gijón, Espanha, depois de internado no Hospital Universitário Central das Astúrias, em Oviedo, no final de fevereiro.
Luis Sepúlveda era casado com a poetisa Carmen Yáñez, que também esteve hospitalizada e em isolamento. Sepúlveda tinha passado pelo festival literário Correntes d'Escritas, na Póvoa do Varzim, em fevereiro.
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Entre os contos juvenis, com que inaugurou a sua pena, em 1969, à obra de referência O Velho Que Lia Romances de Amor passaram 20 anos. As Rosas de Atacama e História de Uma Gaivota e do Gato Que a Ensinou a Voar são outros dos marcos da carreira literária de Sepúlveda. Em Portugal, os livros do autor chileno foram reimpressos mais de uma dezena de vezes.
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Algumas das obras do também cineasta Sepúlveda integram o Plano Nacional de Leitura, e o autor mantinha uma relação de familiaridade com Portugal, que chegou a visitar várias vezes ao longo dos anos.
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Além do percurso como escritor, Sepúlveda ocupou-se do ativismo ambiental, e chegou mesmo a integrar a Greenpeace. Envolveu-se ainda em causas políticas. Expulso da Juventude Comunista, Sepúlveda inscreveu-se no Partido Socialista Chileno, o que o levou à Unidade Popular (que vencera as eleições de 1970).
Passou pela prisão e pelo exílio, por auxílio da Aministia Internacional, até encontrar na Europa, sobretudo em Espanha, um lugar onde permanecer em segurança.
Como escritor, arrecadou o Prémio Casa das Américas, os prémios Gabriela Mistral/Poesia, em 1976, Rómulo Galegos/Novela, em 1978, Tigre Juan/Novela em 1988, o de Contos "La Felguera", em 1990, e o Prémio Primavera/Romance, em 2009. Em 2016, recebeu o Prémio Eduardo Lourenço.
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"Sempre vi a literatura como um ponto de encontro. Primeiro, é um ponto de encontro do escritor com a sua própria memória, com as suas referências culturais e sociais. Depois, é um ponto de encontro entre dois estados de alma: o do escritor, quando estava a escrever, e o do leitor, no momento em que lê."
Ficaram os encontros (eternos). Luís Sepúlveda (1949-2020)
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