"Depois do livro publicado por Cavaco Silva, sobre caneladas estamos conversados"
Foi a resposta de Mário Centeno ao PSD, que acusou o Governo do PS e os restantes partidos da atual maioria parlamentar de estarem "todos às caneladas, às vezes às claras, às vezes por baixo da mesa".
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Numa intervenção em que voltou a acusar o Governo de António Costa de apresentar uma proposta de Orçamento do Estado para 2019 "eleitoralista", Adão Silva, deputado e vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, acusou hoje o Executivo do PS e os restantes parceiros da esquerda parlamentar, ou seja, BE, PCP e BE, de apenas "pensarem nos "seus proveitos eleitorais" de outubro de 2019.
"Mesmo que para isso tenham de andar todos às caneladas, às vezes às claras, às vezes por baixo da mesa", acusou o deputado social-democrata, que, no debate sobre a proposta de Orçamento do Estado aprofundou a crítica ao documento, assinalando que se trata de "pura negociata eleitoral" com o objetivo de "iludir" os portugueses. "Iludir até onde for possível porque, depois de outubro, acabam as ilusões e quem vier que feche a porta", acrescentou.
Na resposta, o ministro das Finanças, Mário Centeno, aludiu ao livro publicado pelo antigo presidente da República, Cavaco Silva, e atirou: "Depois do livro publicado na semana passada, sobre caneladas e negociatas estamos conversados, caneladas estão muito bem retratadas nesse livro", disse Mário Centeno, que pediu ainda "um pouco mais de respeito" pelas negociações entre o Governo do PS e os parceiros da atual solução de Governo: PCP, BE e PEV.
Mário Centeno recuperou ainda a imagem do "Diabo", protagonizada por Pedro Passos Coelho, para afirmar: "Este é o discurso do "vem aí o Diabo", parte dois. O PSD está perdido no debate sobre o Orçamento do Estado, no mesmo discurso diz uma coisa e o seu contrário".
Insistindo nas críticas, o deputado do PSD, Adão Silva, lamentou que o Governo se tenha "esquecido" que a proposta de Orçamento do Estado deve ser "rigorosa, digna e transparente", e, regressando ao passado recente, salientou: "Se no passado [do Partido Socialista] tudo acabou em tragédia, em 2019 tudo acabará numa farsa", disse.
Adão Silva sublinhou, inclusive, que, entre as principais razões para as críticas dos social-democratas, estão pontos como o "aumento continuado e manhoso dos impostos indiretos" ou a "guilhotina das cativações". "O Governo prossegue numa suprema e refinada política de cativações. Isto não vai lá com as papas e bolos do costume", acrescentou.
Prosseguindo as críticas ao Governo, Adão Silva, acusou ainda o PS de "prometer mundos e fundos na véspera de eleições" para depois "meter Portugal no fundo, no buraco, sobrando para os portugueses a austeridade".
"Nós temos a certeza de que os portugueses abominam as vossas aldrabices em torno do real valor do défice, ou das pensões antecipadas, ou do imposto sobre os combustíveis, ou ainda, das carreiras dos professores", justificou o deputado.
"Os Verdes" respondem acusação de "negociatas" com o Governo com uma "birra irrevogável"
Cerca de meia hora depois das palavras de Adão Silva, e ainda numa fase de perguntas ao ministro das Finanças, José Luís Ferreira, deputado do Partido Ecologista "Os Verdes", recuperou a acusação feita pelo deputado do PSD, que assinalou as "negociatas" entre o Governo e os parceiros da esquerda parlamentar, e lembrou o antigo líder do CDS-PP e antigo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.
"As posições conjuntas assinadas com o Governo merecem respeito porque fora construídas a pensar nos portugueses. Que eu tenha conhecimento, nem durante nem depois das negociações houve algum dirigente que fizesse uma birra absolutamente irrevogável que obrigasse a mudar a lei orgânica do Governo e a criar o cargo de vice-primeiro-ministro", disse o deputado.
Notícia atualizada às 16h41