A "desorientação" do Governo e o apelo à esquerda. O congresso do Livre que quer ser "grande"
O 14.º Congresso do Livre decorre este fim de semana na Costa de Caparica. Segundo fonte oficial do partido, estão inscritos cerca de 200 congressistas, que participarão no local ou à distância. Acompanhe na TSF
Corpo do artigo
Está encerrado o XIV congresso do Livre, ao som de "Grândola, Vila Morena", de Zeca Afonso. Abraçados e de punho cerrado, os congressistas cantaram a uma só voz.
Sobem ao palco os elementos da lista A, com Isabel Mendes Lopes no primeiro lugar. Rui Tavares é o número dois da lista e discursa para o encerramento dos trabalhos. Começa por chamar, para junto dele, todos os eleitos para a direção do partido, incluindo os opositores.
Rui Tavares lembra que, em maio, "está tudo florido", numa menção ao símbolo do Livre, uma papoila, e salienta que "quando queremos união, temos união" para uma "sociedade livre".
Para os partidos que estão na primeira fila, como o PS, Rui Tavares promete "continuar a dialogar", apesar das "discordâncias", já que em "democracia precisamos também dos que não concordam connosco". "Estamos do mesmo lado", acrescenta.
Apesar da oposição de mais duas listas concorrentes, a lista afeta a Rui Tavares, com a líder parlamentar, Isabel Mendes Lopes, em primeiro lugar, vence as eleições internas com 61 por cento dos votos e consegue um maior número de lugares na direção do Livre: 10 eleitos.
Também a lista B (22% dos votos) e a C (14% dos votos), lideradas por Natércia Lopes e João Manso, respetivamente, marcam presença no grupo de contacto do partido, tendo em conta que os lugares na direção são definidos através do métodos de hondt. Estavam 15 lugares em discussão.
A lista A, com Isabel Mendes Lopes no primeiro lugar, conta com o fundador Rui Tavares no segundo posto. Logo a seguir aparece a candidata às europeias Filipa Pinto e o deputado Jorge Pinto.
Quanto ao Conselho de Jurisdição, a lista A alcançou 58% dos votos, com sete pessoas eleitas, incluindo o deputado Paulo Muacho. A lista B elegeu quatro membros para o órgão do partido.
O cabeça de lista do Livre às eleições europeias fala aos congressistas. Francisco Paupério aponta as linhas gerais do partido para tentar ganhar Bruxelas. O objetivo são dois lugares no Parlamento Europeu.
Depois da aprovação do programa eleitoral, Paupério assume-se com “um mandato para mudar a Europa”, desde logo, com “mais coragem e ambição”. “Propomos um novo pacto verde e social para investir milhares de milhões por ano para transportes, indústria e habitação”, acrescentou.
Até 2030 o trabalho é árduo, assume o candidato, mas as metas estão traçadas: fim dos subsídios aos combustíveis fósseis até 2025 e 100% de energia renovável até 2040. “O Livre está pronto para esse combate”, aponta.
A extrema-direita continua a ser o principal adversário do Livre e Paupério não quer “nem um passo atrás”, apesar “a direita e a extrema-direita” quererem “silenciar” o partido.
Quanto às guerras que estão a afetar a Europa e o Médio Oriente, o candidato defende uma posição intransigente de apoio à Ucrânia e a paz “só quando o povo ucraniano quiser”. Na Palestina, a tónica é diferente “cessar-fogo já”.
“Não é um televoto que trava um genocídio. É um voto num programa que promove a paz e uma solução de dois Estados. Palestina livre, cessar-fogo já”.
Com 162 votos a favor, 12 abstenções e zero votos contra, está aprovado o programa eleitoral do Livre para as eleições europeias, que conta com Francisco Paupério como cabeça de lista e Filipa Pinto como número dois.
Ricardo Sá Fernandes considera que o Livre “não é um satélite do PS”, mas avisa que não deve haver ânsia para a entrada num Governo das esquerdas e o Livre pode ter de “esperar mais algum tempo para a sua hora”.
“Essa é uma perspetiva que existe, mas, para mim, não tem de ser imediato”, defendeu o advogado, militante do Livre, que se despede neste congresso do conselho de jurisdição do partido, depois de três mandatos.
Ricardo Sá Fernandes foi chamado a resolver o imbróglio com as eleições primárias, depois de a comissão eleitoral lançar suspeitas de viciação externa, mas refere à TSF que “não havia ponta de suspeita” e tratou-se apenas de “um resultado inesperada” com a vitória de Francisco Paupério.
Considera, no entanto, que o partido tem de repensar as eleições primárias para prevenir possíveis “fraudes” e “aproveitamentos de quem atua malevolamente”, embora garantindo sempre os princípios de eleições abertas.
Com atraso, como habitual, arranca o último dia do XIV congresso do Livre, que ficará marcado pela eleição da nova direção do partido. Há três listas que vão a votos. Também o programa eleitoral para as europeias será votado e Francisco Paupério, cabeça de lista, discursa perante os congressistas.
Como habitual, a sessão de encerramento conta com representantes de vários partidos. O PS convocou figuras de primeira linha, mas também a Iniciativa Liberal estará na primeira fila a assistir ao fim dos trabalhos.
O PS faz-se representar por Ana Catarina Mendes, deputada terceira candidata ao Parlamento Europeu pelos socialistas, mas também pela presidente da câmara municipal de Almada, Inês de Medeiros, e pela presidente da Federação de Setúbal, Eurídice Pereira.
O eurodeputado José Gusmão representa o Bloco de Esquerda, assim como Anabela Rodrigues. Pelos comunistas, marcam presença os dirigentes Armindo Miranda e Antónia Lopes. Vítor Cavaco, do PEV, também assiste ao encerramento dos trabalhos.
A Iniciativa Liberal leva André Abrantes Amaral e Ana Horta ao congresso do Livre e o Volt conta com Susana Carneiro e Yannick Schade.
Francisco Paupério sobe a fasquia e admite que o Livre pode eleger dois eurodeputados nas eleições para o Parlamento Europeu. O cabeça de lista do partido conta ter Rui Tavares na campanha para 9 de junho.
O 14.º Congresso do Livre termina este domingo, em Setúbal, com a eleição dos novos órgãos internos e a aprovação do programa eleitoral para as eleições europeias de junho.
Os trabalhos do segundo e último dia de reunião magna arrancam pelas 10:00 no pavilhão municipal da Costa de Caparica, em Almada, com o anúncio do resultado das emendas de alteração apresentadas pelos militantes ao programa eleitoral para as eleições europeias, seguindo-se a aprovação do documento final.
Já com o documento aprovado, o cabeça de lista, Francisco Pauperio, e a número dois, Filipa Pinto, vão discursar perante os congressistas.
O processo de primárias abertas para a escolha da lista candidata às europeias, nomeadamente a eleição do dirigente Francisco Pauperio, gerou polémica e divergências internas, algo que já levou os dirigentes a admitir a necessidade de melhorar este processo único no panorama partidário português, sem abdicar do princípio de abertura à sociedade.
Os trabalhos terminaram antes do previsto, com as discussões das moções setoriais. Os congressistas deixaram o pavilhão da Costa da Caparica para jantar e só voltam amanhã, para o terceiro e último dia do congresso.
Rui Tavares acena com três missões para o futuro do Livre: governar, ser a porta de saída para a extrema-direita e garantir a sustentabilidade do partido. São dez anos de um partido fundado em 2014, quando a “política tradicional não dava respostas”.
Foi pelo passado que Rui Tavares começou o discurso, no XIV congresso do Livre, que marcou o início da noite dos congressistas. Há dez anos, “era preciso um partido progressista” que permitisse uma união à esquerda.
“Oh diabo, se calhar, somos nós que temos de fazer um partido assim”, questionava Rui Tavares, na altura, com os seus pares. O agora deputado tomou a iniciativa e, dez anos depois, o Livre conta com um grupo parlamentar de quatro deputados.
Foi a deixa para Rui Tavares definir as “três missões” para os próximos anos, sustentando uma das mensagens construida na reunião magna do partido: o próximo passo é assumir um lugar no “Governo das esquerdas”.
“É uma ambição ainda maior do que a de formar um partido da esquerda, verde e europeia. A verdade é que temos de lutar por um novo ciclo. Esse ciclo tem de ser progressista e não vai ser monopolizado por uma maioria absoluta. Tem de ser plural e o Livre tem de ter uma palavra determinante”, apontou.
“Somos ambiciosos no nosso objetivo, porque acreditamos na nossa mensagem. Queremos ter uma delegação do Livre no Parlamento Europeu. Isto é, eleger dois eurodeputados: eu e a Filipa Pinto”, afirma.
Paupério esteve no centro da polémica nas eleições primárias, beneficiando com os votos dos eleitores inscritos, que não pertencem ao Livre, e admite que o partido deve repensar o sufrágio interno. Por agora, “pontapé para a frente”.
A número dois do Livre às eleições europeias, Filipa Pinto, defende que o partido deve repensar as eleições primárias. Filipa Pinto foi derrotada por Francisco Paupério nas eleições internas, apesar de ter sido a mais votada pelos militantes do Livre
Em entrevista à TSF, no congresso que decorre na Costa da Caparica, Filipa Pinto não coloca metas para as eleições europeias, mas mostra-se convencida que o Livre vai eleger “deputados e deputadas, no plural”.
Sobe ao púlpito, pela primeira vez, o fundador do Livre, Rui Tavares, para defender uma alteração ao programa eleitoral do partido, resgatando uma bandeira antiga: por uma assembleia parlamentar que represente todos os parlamentos das Nações Unidas. A Palestina também não foi esquecida.
Rui Tavares pede um olhar mais profundo para a democracia representativa, de forma a que “não sejam apenas os Estados a falar por nós”, embora admita que a proposta pode não ser acolhida na generalidade numa primeira fase.
“Que a organização da ONU, além de ter representação diplomática pelos estados-membros, deve também ter uma assembleia parlamentar que represente todos os parlamentos das Nações Unidas. E está é uma emenda que vê mais longa do que a democracia que temos e que pretende lançar pistas para uma democracia e representatividade a nível global, para que não sejam apenas os Estados a falar por nós”, justifica.
O fundador do Livre lembra também que a ONU já voltou a debater a entrada da Palestina como membro de pleno direito, uma bandeira que o partido tem agitado há já vários anos, antes da guerra no Médio Oriente.
“Sabemos que, às vezes, é preciso lançar estes debates para que façam o seu caminho. Hoje saiu a notícia de que Portugal já votou a favor para que Palestina seja membro de pleno direito da ONU”, acrescenta.
O mote está lançado para o futuro: Rui Tavares quer que o Livre esteja preparado para “governar”, com propostas “de poder”. O fundador do partido admite ainda que as eleições primárias podem ser afinadas, em devido tempo, e deixa alfinetadas aos candidatos às europeias da oposição.
Rui Tavares não assistiu ao congresso do Livre na parte da manhã, chegou depois de almoço, bem a tempo de acompanhar os trabalhos que se debruçam sobre as eleições europeias. Durante a manhã, há quem tenha apontado a um futuro “Governo das esquerdas” e Tavares não foge do guião.
“As legislativas podem ocorrer antes das autárquicas ou depois das autárquicas. O Livre tem de estar preparado para governar. Ou seja, tem de passar a ser um partido de implementação de poder e de governação. É um trabalho que nos dá uma responsabilidade muito maior”, aponta.
O Livre acena com uma geringonça 2.0, mas que conte com o partido que, em 2015, ainda não tinha representação parlamentar. Em março, Rui Tavares passou de deputado-único para a companhia de mais três parlamentares.
Ainda sem Rui Tavares entre os congressistas, os trabalhos foram agora interrompidos para almoço, depois da apresentação das listas à direção e ao conselho de jurisdição do partido. O fundador Rui Tavares deve juntar-se aos militantes depois das 14h00.
Ouvem-se críticas à atual direção, que se apresenta como Lista A ao grupo de contacto, e conta com duas listas adversárias. Pela lista B, a cabeça de lista avisa mesmo que a “união” no partido não pode ser sinónimo de “diluição”.
Logo depois de Isabel Mendes Lopes, foi Natércia Lopes, da lista B, a subir ao púlpito para apresentar a sua candidatura à direção do partido, apontando à lista A, de continuidade, que conta com Rui Tavares no segundo lugar.
“Somos uma equipa que investe na unificação do Livre maior em que nos queremos transformar, onde seremos sempre capazes de nos unir nos ideias partilhados, na integridade e transparência”, atira.
E, de mira apontada aos próximos de Rui Tavares, avisa: “A união de que precisamos não é uma união que nos dilua, mas uma união plural de profundo respeito pelas diferenças de opinião”.
Também a lista C, encabeçada por João Manso, pede que os estatutos “sejam cumpridos”, lembrando que a função de vários porta-vozes não está no documento. João Manso avisa mesmo que “regredimos se fizermos o mesmo que os outros partidos”, com "personagens vedeta", no que pareceu uma crítica para Rui Tavares.
Depois de várias mensagens internas, a primeira nota política para o país. A deputada Isabel Mendes Lopes critica a “disponibilidade” do PSD e do CDS-PP para negociarem com o Chega, e aponta já a o próximo ciclo político com um “Governo das esquerdas”.
A deputada e líder parlamentar do Livre encabeça a lista A ao grupo de contacto, a direção do partido, e foi nessa condição que surgiu perante os congressistas. Mas foi a política nacional que marcou o discurso.
“O campo da direita democrática tem sido inconsonante quanto à sua disponibilidade para dialogar e entender-se com a extrema-direita e também isto deve deixar todos os democratas alarmados”, critica.
As próximas eleições legislativas podem ser mais cedo do que o previsto, apesar de Luís Montenegro garantir que está pronto para governar quatro anos, e Isabel Mendes Lopes fala mesmo numa nova união à esquerda, depois da geringonça, da qual o Livre quer fazer parte.
“O Livre vai continuar o seu caminho, preparado para uma mudança de ciclo e um próximo Governo das esquerdas”, acrescenta.
Cabe agora ao deputado Paulo Muacho deixar recados quanto à coesão interna no Livre, avisando que os quatro deputados no Parlamento não são eternos. Se o partido “perder o foco”, arrisca-se a “perder o apoio das pessoas”.
Paulo Muacho despede-se da direção do Livre e, ao que tudo indica, vai assumir um lugar no conselho de jurisdição, depois de ter sido eleito deputado a 10 de março. Para o congresso, deixa avisos.
“Quando os partidos perdem o foco e a razão pela qual estão aqui, perdem o apoio das pessoas”, avisa, lembrando os partidos que “crescem” e, depois, “se perdem em conflitos internos”.
Começa nesta sexta-feira e decorre até domingo o 14º congresso do Livre, em formato híbrido. O primeiro dia é apenas em formato online, dedicado à aprovação do regimento. Só no fim de semana, os congressistas reúnem-se no pavilhão municipal da Costa da Caparica para dois dias de trabalhos.
Há dois meses o Livre elegeu um grupo parlamentar, passou de um para quatro deputados, e o crescimento do partido estará em discussão entre os congressistas. Há quem lembre que o PAN teve um grupo parlamentar com o mesmo número de deputados, e agora tem apenas uma parlamentar.
Mostra-se confiante, no entanto, que “essa não será a história do Livre”, o que mereceu um novo aplauso de pé pelos congressistas.
Com 40 minutos de congresso, os congressistas levantaram-se já duas vezes para dois aplausos de pé. O primeiro para Ricardo Sá Fernandes, que se despede dos órgãos internos do partido, depois de três mandatos no conselho de jurisdição.
O segundo aplauso de pé, lembrando a guerra no Médio Oriente, com o deputado Paulo Muacho a pedir um “cessar-fogo já” para uma “Palestina livre”.
Primeira intervenção e primeiro pedido de alteração ao regulamento das eleições primárias. A polémica que levou à eleição de Francisco Paupério para cabeça de lista às europeias será, certamente, um dos temas quentes do congresso.
Patrícia Gonçalves, da Assembleia do Livre, admitiu que o regulamento tem, “seguramente”, de ser revisto, até porque “tanto tem dado de falar”. Pediu, no entanto, “humildade e “cabeça erguida”, destacando os métodos internos do partido.
“Alguma vez que nós erremos, há que ter a humildade de os reconhecer. Corrigir os erros e prosseguir de cabeça erguida. Não há nenhum partido em Portugal com processos mais democráticos que o Livre”, disse.
A polémica nas primárias, com acusações de viciação externa, surgiu cerca de um mês depois da eleição de quatro deputados para o Livre, pelo que Patrícia Gonçalves deixa também apelos à coesão interna.
“Tenhamos muito cuidado na forma como nos tratamos. Peguemos em cada um de nós como se fosse um objeto frágil, que se quebra e que importa proteger. Discordemos de forma franca e de boa fé. Ouçamos aqueles com quem não concordamos, aprende-se imenso”, insistiu.
Mais de 40 minutos depois da hora marcada, arranca o congresso do Livre, na Costa da Caparica. Rui Tavares, fundador do partido, chegará mais tarde, perto da hora de almoço.
Agora de forma presencial, os congressistas vão começando a juntar-se na Costa da Caparica. Há também a possibilidade de os militantes do Livre acompanharem os trabalhos através das plataformas digitais.
A abertura do congresso será feita por Patrícia Gonçalves (Mesa da Assembleia), Ricardo Sá Fernandes (Conselho de Jurisdição) e Paulo Muacho (Grupo de Contacto). Estava marcada para as 10h00, mas leva já alguns minutos de atraso.
