Adalberto Campos Fernandes apoia Seguro e atira às "elites" do PS que criticam candidatura: "Não acredito em predestinados ou em castas"
O antigo ministro da Saúde, do primeiro Governo de António Costa, coloca-se ao lado de António José Seguro para a corrida a Belém
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Na corrida presidencial, Adalberto Campos Fernandes já decidiu em quem vai votar. O antigo ministro da Saúde apoia António José Seguro e deixa críticas a Henrique Gouveia e Melo, mas também aos críticos internos no PS, desde logo, “as elites” que não apoiam Seguro e “trouxeram o país até aqui entregue às mãos da confrontação, do radicalismo à esquerda e à direita”.
Em declarações à TSF, Adalberto Campos Fernandes lembra que António José Seguro libertou-se de cargos políticos depois da derrota interna com António Costa, carateriza-se como moderado e não aparece para “purificar o sistema”, numa alusão ao candidato Gouveia e Melo.
"Ele é um homem que não renega ao sistema, fez a sua vida política dentro do sistema, portanto não é um outsider que venha com o intuito de purificar o sistema, o sistema reforma-se por dentro e reforma-se com pessoas com características de seriedade e honestidade, como é o caso dele. É um homem que esteve afastado da vida política ativa num gesto de grande desprendimento", enfatiza.
O PS “precisa de se reencontrar”, na opinião do antigo ministro, desde logo, “com o espaço da moderação, num tempo em que o confronto e a agressividade na sociedade é tão forte”. Vários socialistas já se mostraram contra a candidatura de António José Seguro e a anterior direção de Pedro Nuno Santos tinha como favorito António Vitorino para a sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa. Adalberto Campos Fernandes garante que a candidatura não depende do PS, mas mostra-se confiante que, no final de contas, o partido vai apoiar o antigo secretário-geral.
Não acredito nem em predestinados, nem em castas, nem em proprietários da verdade e do saber. Os partidos não são donos dos votos, muito menos os dirigentes são donos do voto popular. Se tiver o apoio do seu partido sempre, naturalmente que é uma vantagem, que ajuda a mobilizar todo este setor da sociedade portuguesa que se revê num espaço da moderação, do diálogo. Se não for possível, não será por isso que a sua candidatura ficará diminuída, mas eu acredito que no final deste processo o bom senso prevalecerá e o PS dará apoio a António José Seguro
Embora admita que o socialista não tem um discurso “erudito como alguns gostariam que tivesse”, a verdade é que “talvez tenha o discurso que o povo entende e que o povo quer ouvir”, ao fim de várias eleições consecutivas e de um Parlamento dividido.
São as “elites que trouxeram o país até aqui entregue às mãos da confrontação, do radicalismo à esquerda e à direita” que criticam António José Seguro, pelo que, na opinião de Adalberto Campos Fernandes, “essas pessoas têm pouca autoridade para vir falar da legitimidade do António José Seguro ocupar um espaço que é um espaço natural e tradicional”.