CDS desafia PSD a clarificar oposição ao Governo. Assunção Cristas diz que o CDS tem "liderado a oposição ao Governo das esquerdas unidas" e acusa Governo de estar "esgotado" e primeiro-ministro "perdido".
Corpo do artigo
TSF\audio\2019\02\noticias\15\13_judite_menezes_e_sousa
Na véspera de duas convenções do PS e dos PSD, Assunção Cristas avança com uma moção de censura que pretende ser clarificadora. "Este é um momento de clarificação para todas as forças partidárias do Parlamento", referindo-se aos "apoiantes de sempre do Governo, PCP e BE, que ora apoiam o Governo ora fazem oposição e que terão uma oportunidade para explicar de que lado é que estão" e também ao PSD que terá "oportunidade de se juntar ao CDS nesta moção de censura".
"Cada um fará a sua análise", alerta, desafiando o partido de Rui Rio. "O CDS tem liderado a oposição ao Governo das esquerdas unidas e continuará a liderar" e Cristas acredita que este é um "momento oportuno", até para que se juntem eleições Legislativas às Europeias.
Questionada sobre o facto de Marcelo Rebelo de Sousa ter defendido a estabilidade até ao final da legislatura, Cristas assegurou que informou o Presidente da República desta decisão "antes de dar nota pública" da moção de censura.
Na apresentação da moção de censura que o CDS vai apresentar, Assunção Cristas acusou o Governo de estar "esgotado" e justificou a posição do partido com a "insatisfação social" da população.
A líder centrista acusa o Governo de estar "preso às ideologias radicais dos parceiros que lhe permitem manter o poder", esclarecendo que o Executivo foi "revertendo muito, fazendo pouco e tentando, com uma gestão hábil de expectativas e de comunicação, criar a ideia de que tudo estava melhor, apostando nas meias verdades, na tradição da velha escola socrática".
"Hoje, o ilusionismo socialista chegou ao fim. Já não há propaganda capaz de disfarçar a realidade. A verdade foi aparecendo, aos poucos, aos olhos de todos. A má gestão, o excesso de promessas e o sentimento de engano que se instalou geraram o caos que vivemos neste momento, com uma insatisfação social crescente e uma contestação que não para de crescer", realçou Cristas.
"Não se pode enganar todas as pessoas todo o tempo", atirou Cristas, acusando o Executivo de Costa de ser "o Governo dos serviços públicos mínimos e da carga fiscal máxima".
A líder do CDS acredita que "as pessoas aperceberam-se que no início do mês têm um pouco mais de dinheiro mas quando chegam ao fim do mês estão com muito menos do que tinham anteriormente".
A Saúde é, para a líder centrista, "o caso mais gritante" da atualidade. "O SNS dá uma má resposta", reiterou, dando exemplo de tempos de espera de anos e de os doentes terem de levar lençóis ou toalhas de casa. "Ao mesmo tempo que os serviços degradaram, a dívida do SNS a fornecedores e credores disparou quase mil milhões de euros em três anos", reforçou, revelando que o número de demissões de médicos e direções clínicas é "assustador".
Cristas salvaguarda que o país está a assistir a "uma deriva ideológica de esquerda", frisando que "para o CDS a ideologia não pode estar acima da saúde dos portugueses nem pode ser arma de negociação partidária".
No seguimento, a presidente do CDS acusa ainda a esquerda de deixar "a ADSE chegar a um estado de rutura e relega os interesses dos beneficiários para segundo plano".
A ferrovia também mereceu a atenção de Cristas, bem como o ensino não superior. "Do ponto de vista estratégico, Portugal devia estar a aproveitar este período e seria desejável que também os fundos comunitários estivessem a contribuir de forma célere para melhorar a economia nacional e o investimento", porém, diz, é possível perceber que "no atual quadro comunitário estamos a falar de 29% de execução que quando comparável com a do CREN em igual período era de 39%".
"O que se passa com a nossa economia é revelador da incapacidade do Governo em adotar medidas para contrariar uma tendência de abrandamento económico que há muito se desenhava e em relação à qual o CDS muitos avisos fez", recordou Assunção Cristas, acrescentando que "estamos a ficar para trás e não estamos devidamente preparados para enfrentar uma crise económica".
A presidente do CDS crê que "o Governo falha às pessoas, na dimensão social, no investimento, na economia e na soberania e segurança dos portugueses". E sendo a segurança um dos pontos referidos no discurso, Cristas garante que o país não esquece o "material de guerra furtado dos paióis de Tancos" ou do "roubo de armas às forças de segurança sem que se conheçam responsabilidades políticas".
"O Governo falhou sendo incapaz de garantir a motivação e a confiança nas forças que garantem a nossa segurança. Para o CDS todo este período constituiu uma oportunidade perdida, o que corre bem no país é apesar do Governo e não graças ao Governo. O Governo está a pagar o preço de não pagar as promessas que fez, gerando um forte desanimo e minando a paz social", acusando o Governo de "arrogância e falta de diálogo" perante setores da sociedade que "desesperam".
Cristas acredita ainda que "a base de apoio parlamentar que têm segurado a sobrevivência deste executivo começa indisfarçavelmente a abanar e esta maioria já não tem soluções para oferecer". "O Governo está esgotado e o primeiro-ministro perdido", acusando o Executivo de estar "desorientado, desconcertado, são ambição e sem programa".