Carneiro "terá apoio de todos os militantes", mas é preciso "muito mais": "Precisamos que a população se reveja no PS novamente"
A Comissão Nacional do PS para aprovar o calendário eleitoral interno, depois do anúncio da demissão de Pedro Nuno Santos da liderança, foi convocada para sábado, em Lisboa
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O calendário da eleição do próximo secretário-geral do PS é ainda tema de discussão entre os socialistas: enquanto uns esperam que tal possa acontecer "o mais rápido possível", há quem defenda que o partido "precisa de mais tempo". O apoio a uma provável candidatura de José Luís Carneiro para o cargo parece ser unânime, mas o partido luta por algo maior: "Precisamos que a população se reveja no PS novamente."
Ouvida no Fórum TSF desta sexta-feira, a presidente da Associação Nacional de Municípios defende que o PS "precisa de mais tempo para analisar tudo o que aconteceu no último domingo" e, por isso, deve "forcar-se" no "próximo grande desafio", que são as eleições autárquicas. A escolha do próximo secretário-geral do partido, afirma a socialista Luísa Salgueiro, deverá acontecer "num momento posterior" a este calendário eleitoral.
Argumenta, por isso, que um bom resultado nas próximas eleições é "imprescindível" para o PS e para o partido. "Quanto maior for o número de câmaras governados pelo PS, melhor temos garantias de prestar um bom serviço à população", aponta, esperando que a escolha do novo líder dos socialistas "não prejudique" esta ação.
Mas mais do que uma eleição interna do próximo secretário-geral, é preciso "abrir o partido à sociedade". A líder da Associação Nacional de Municípios considera que o "cenário de haver um único candidato é o mais adequado". Lembrando que alguns rostos históricos já afastaram a possibilidade de uma candidatura — como é o caso de Fernando Medina e Mariana Vieira da Silva —, José Luís Carneiro "terá o apoio de todos os militantes socialistas". Ainda assim, para Luísa Salgueiro, é "muito mais do que isso que está em causa neste momento".
Nós não precisamos só do apoio dos militantes socialistas. Precisamos do apoio dos portugueses. Precisamos que a população se reveja no PS novamente. Precisamos de ter orgulho no nosso legado de explicar às pessoas aquilo que contribuímos para o Estado de crescimento económico, excedente orçamental em que o país está. Precisamos de explicar isso às pessoas, de erguer bem as nossas bandeiras e trazer a população para o PS. Não interessa só ganhar os militantes.
Já o presidente da Associação dos Autarcas do PS entende que, com a demissão de Pedro Nuno Santos, o partido deve "rapidamente criar as condições para eleger um secretário-geral o mais depressa possível". Pedro Miguel Ribeiro ressalva, no entanto, que o Congresso Nacional só deve acontecer depois das autárquicas.
"Defendo que até ao próximo fim de semana quem se quiser candidatar se possa candidatar e, uma semana depois, possamos ter as eleições para escolher o secretário-geral, que ficaria legitimado. Depois teremos o tempo necessário, e aí já defendo que seja depois das autárquicas que possamos fazer um Congresso", adianta.
Na véspera da Comissão Nacional do partido, marcada para este sábado, e numa altura em que José Luís Carneiro é o único socialista abertamente "disponível para servir o PS", Pedro Miguel Ribeiro assume que apoia uma provável candidatura do antigo ministro ao cargo de secretário-geral.
"Eu fui seu apoiante há um ano. Fui o mandatário pelo distrito de Santarém. Conheço o José Luís há bastante tempo. Tive oportunidade de trabalhar com ele ainda como autarca e depois enquanto foi ministro. É uma pessoa sensata, ponderada e com valores", destaca.
A presidente da distrital de Braga do PS confessa acreditar que o partido "precisava de um momento para uma reflexão profunda", mas os calendários políticos nacionais e autárquicos "são incompatíveis". Destaca, por isso, que os tempos exigem "urgência" à constituição de uma liderança.
A urgência que se impõe de uma liderança nacional está a esbarrar na necessidade do recato para a campanha autárquica. Isso leva-nos à necessidade de encontrar no imediato uma liderança, que deveria ser adiada para depois das autárquicas.
Depois do resultado catastrófico do PS nas eleições legislativas, Pedro Nuno Santos deixará de ser secretário-geral do partido já no sábado, após a Comissão Nacional, e será o presidente do partido, Carlos César, a assumir interinamente a liderança socialista.
A Comissão Nacional do PS para aprovar o calendário eleitoral interno, depois do anúncio da demissão de Pedro Nuno Santos da liderança, foi convocada para sábado, em Lisboa, também para analisar os resultados das legislativas.
Da ordem de trabalhos faz parte a “análise da situação política face aos resultados eleitorais” de domingo e a “aprovação de calendários e regulamentos eleitorais”.
O PS alcançou o terceiro pior resultado da sua história em legislativas, ficando quase empatado com o Chega, o que levou o seu líder, Pedro Nuno Santos, a apresentar a demissão um ano e meio após a sua eleição.
