Este é o olhar de Rui Ochôa. O fotógrafo-jornalista seguiu os passos do candidato e juntou 57 mil fotografias. O resultado é o livro "Afectos".
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A escolha não foi fácil mas a "perspicácia" de fotógrafo ("se é que tenho alguma") diz-lhe que estas imagens são o retrato mais fiel duma campanha que foi tudo o que não costuma ser. Ele, Marcelo era a campanha.
Três meses na estrada. 57 mil fotografias. Um candidato e uma pequena equipa de meia dúzia de pessoas. Assim se fez a campanha que Rui Ochôa nunca tinha feito na já longa carreira.
O jornalista e fotógrafo diz que percebeu cedo que seria diferente. Mais difícil, porque faltava a cor a dinâmica e o movimento das campanhas tradicionais, mais fácil porque a intuição e o instinto do candidato o levavam quase sempre para o local exato onde se imaginava a foto do momento. O resto cabe ao talento de cada um.
"Afectos" foi o título escolhido para o livro. Depois de se ter pensando em "Marcelo" (simplesmente "Marcelo") e até "MRS" (como "JFK" ). Nem a primeira opção, por ser demasiado popular, nem a segunda, importada da América, vingaram. À terceira foi de vez. Julgando-se ser este um título fiel à personalidade do candidato, agora Presidente eleito.
A relação entre os dois é longa. Rui era um jovem fotógrafo, Marcelo o jovem diretor do jornal Expresso, quando se conheceram. Neste casamento pareciam feitos um para o outro. O enlace tinha sido antecipado pelo próprio Marcelo há já dez anos.
E agora? Como vai ser Marcelo Presidente? Rui Ochôa diz que vai "romper o protocolo, à Soares" e que vai "manter-se próximo das pessoas" vincando a diferença com Cavaco Silva.
Imagina a foto oficial de Marcelo Rebelo de Sousa num cenário de modernidade, sacudindo o pó aos "reposteiros dourados" que têm emoldurado Aníbal Cavaco Silva.
Marcelo é um homem de Cultura e de Futuro, dispara o repórter fotográfico. E quanto ao seu futuro? Temos fotógrafo oficial? " Veremos...".