Défice: esquerda contra "chantagem externa", direita duvida das metas para 2016
PS diz que oposição precisa de "plano B" mas PSD e CDS consideram que INE desmonta "propaganda" do Governo. PCP, BE e PEV avisam que "há vida além do défice".
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PSD e CDS duvidam que o Governo consiga cumprir as metas previstas para 2016.
Reagindo à divulgação dos dados do INE, António Leitão Amaro, do PSD, considera que "é melhor que as coisas evoluam positivamente e não negativamente" mas prevê um segundo semestre "com riscos muito preocupantes".
"O Governo optou por carregar as pressões negativas, isto é aquilo que agrava o défice mais para o segundo semestre (por exemplo, o IVA da restauração, a reposição dos salários dos funcionários públicos),em segundo lugar, este resultado é obtido à custa de uma queda de 26% no investimento público", alerta o vice-presidente da bancada do PSD.
Com as mesmas cautelas, Cecília Meireles do CDS diz que o défice está acima do que o governo se comprometeu (2,2% no final de 2016) e avisa que " o segundo semestre vai ser exigente".
"Por mais que o Primeiro-Ministro ande a pescar à linha dados cirurgicamente escolhidos para fabricar gráficos. O governo inscreveu no Orçamento uma meta de crescimento económico de 1,8% para 2016, aquilo que temos neste primeiro semestre é 0,9%, metade daquilo com que o Governo se comprometeu", sublinha a deputada centrista.
PS aconselha "plano B" à oposição
Assim que Mário Centeno saiu da tribuna na residência oficial do Primeiro-Ministro, mais abaixo, no Parlamento, João Galamba, porta-voz do PS veio saudar os números e responder a quem, na oposição, defende um "plano B".
"Se há alguém que precisa urgentemente de um "plano B' é a oposição e todos aqueles que insistem diariamente em discursos catastrofistas e alarmistas que não têm qualquer correspondência com a realidade", disse Galamba.
O deputado socialista sublinha que a redução do défice se situa "no dobro" do previsto no orçamento para 2016[do Estado para 2016.
"Se estes números se mantivessem até final do ano, ficaríamos francamente abaixo da meta inscrita no Orçamento. Não é expectável que isso aconteça. O objetivo é que fique em linha com as metas do Orçamento e estes números o que vêm dizer é que estamos no bom caminho", saudou João Galamba.
Esquerda avisa contra "chantagem"
Pelo PCP, Paulo Sá desvalorizou os dados sobre o défice, considerando que esse "não pode ser o critério absoluto de decisão política".
"Não pode ser o défice e metas impostos pela União Europeia que devem condicionar o prosseguimento deste caminho (de recuperação de direitos e de rendimentos), avisou o deputado comunista.
Pedro Filipe Soares, do BE, também defendeu que "o défice não é um fim em si mesmo" e alinhou com a leitura socialista de que os dados hoje conhecidos contrariam " a narrativa da oposição.
"A narrativa que tinha sido criada pelos partidos da direita (PSD/CDS) de que era pelo empobrecimento do país que conseguiríamos equilibrar as contas públicas fica desmentida quando, após termos reposto os salários da função pública, descongelado pensões e aumentado apoios sociais, conseguimos ter uma execução orçamental melhor do que a de 2015", sublinhou o líder bloquista.