Durão Barroso insiste que decisão da Comissão Europeia se tratou de "discriminação". Ex-presidente agradece que o primeiro-ministro português tenha pedido explicações a Jean-Claude Juncker.
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"Fiquei bastante satisfeito porque acho que o senhor primeiro-ministro entendeu perfeitamente que havia aqui um caso de discriminação", afirmou Durão Barroso, em Cascais, à saída de um congresso internacional dedicado aos temas do "financiamento e insolvência".
Depois de ter visto a Comissão Europeia retirar-lhe "privilégios de passadeira vermelha", passando a ser tratado apenas como lobista, o ex-presidente da Comissão volta a defender que a decisão se trata de "discriminação", sublinhando que António Costa esteve bem ao pedir explicações oficiais a Jean-Claude Juncker.
"O primeiro-ministro agiu com muita dignidade, defendendo aquilo que é uma posição portuguesa. Pode-se gostar ou não da minha atitude e concordar ou não com a minha escolha, mas há uma coisa que é certa: eu sou um cidadão português e estou na plenitude dos meus direitos", salientou.
Questionado sobre voltaria, ou não, a aceitar o convite para integrar o Goldman Sachs, Durão Barroso é peremptório: "Com certeza. Fiz tudo corretamente, observei escrupulosamente todos os deveres e é um desafio que me estimula bastante".
Sublinhando que o Goldman Sachs "não é um cartel de droga", Durão Barroso considera que o facto de aceitar trabalhar para a instituição é "perfeitamente ético e moral", dando conta de que outros membros da Comissão Europeia, "inclusive o presidente da Comissão", também trabalharam para a mesma entidade.
"Talvez seja por ser português", questiona Durão Barroso, que diz aceitar "algumas criticas", mas não compreender "outras".
Adiantando que se trata de uma entidade que opera nos mercados "devidamente legalizada e regulada", o ex-presidente da Comissão Europeia acrescenta: "Houve muitos bancos acusados de contribuir para a crise financeira. Uma coisa é certa, eu não contribuí".
Durão Barroso diz também não aceitar que lhe atribuam "intenções malévolas", depois de aceitar o lugar no Goldman Sachs, apesar de admitir que a instituição financeira é um "nome controverso" no panorama mundial.