PCP e BE quiseram dar a cara pela medida que reduz os novos passes sociais. Jerónimo de Sousa e Catarina Martins consideram positivo que tenha aumentado o investimento no Programa de Apoio à Redução Tarifária.
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Catarina Martins, de cartão verde na mão, na estação do Cais do Sodré, Jerónimo de Sousa numa viagem de comboio entre Sintra e o Rossio. O mesmo objetivo uniu BE e PCP, os dois partidos que apoiam a solução de governo: mostrar a impressão digital na medida que entra, hoje, em vigor e que vai implicar uma redução nos passes em todo o país mas sobretudo nos grandes centros urbanos.
Logo a partir das oito e meia da manhã, a coordenadora do Bloco de Esquerda foi abordando quem se apressava de ou para o metro, o comboio e o barco, na estação do Cais do Sodré.
"Estamos a informar sobre o preço dos passes. Estamos a fazer isto no resto do país, com informação adaptada a cada sítio", explicou Catarina Martins aos jornalistas mostrando um cartão desdobrável de cor verde onde se resumem as principais alterações aos tarifários.
O passo seguinte para os partidos que apoiam o Governo passa por "aumentar a oferta"de transportes públicos para responder à procura.
"Nós precisamos de mais barcos, de mais metros, de mais autocarros, de mais comboios a funcionar, para responder a uma procura que nós esperamos que seja crescente, porque o transporte coletivo é aquele que faz melhor à carteira de cada família",defendeu Catarina Martins, frente à estação do Cais do Sodré.
Por essa hora, em Sintra, Jerónimo de Sousa embarcava no comboio rumo ao Rossio: "Ouvi uma preocupação natural : este foi o passo adiante, decisivo, determinante, mas tem de ser complementado com o aumento da oferta, designadamente no plano ferroviário e fluvial", sublinhou o secretário-geral do PCP lembrando ainda que a EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário)," apesar de já ter recuperado alguns trabalhadores, ainda tem recursos humanos em número insuficiente" e que "existe muito material circulante encostado".
Tanto o PCP como o BE destacam o contributo para a medida: Jerónimo de Sousavincou "o papel e intervenção do PCP", Catarina Martins lembrou as "negociações com o Governo e na Câmara de Lisboa".
No Cais do Sodré, quem passava recebia o cartão mas poucos pareciam ter dúvidas embora, a coordenadora do BE deixasse claro que "em julho" também haverá o passe família e sobretudo que "os preços especiais para idosos e jovens também se mantêm".
Catarina Martins acredita de que "quanto mais gente quiser usar o transporte coletivo e quiser utilizar este passe único, maior será o investimento",
"Esta exigência de mais uso tem que levar a mais investimento", defendeu e aproveitou para comentar a manchete do jornal Público sobre o aumento de 32,4 milhões de euros que já leva, em seis meses, o investimento no Programa de Apoio à Redução Tarifária : "hoje é notícia que este programa de redução tarifária está a aumentar o Orçamento, e está a aumentar o Orçamento porquê? Porque há mais exigência cidadã", explicou a líder bloquista lembrando que há interesse na medida "nem só em Lisboa e no Porto" mas também "há também Comunidades Intermunicipais no resto do país a terem um programa e, portanto, aumenta este esforço de redução tarifária no país todo".
Na mesma linha, acabado de descer do comboio no Rossio, Jerónimo de Sousa lembrava que "o Governo apresentou uma proposta que rondava os 80 milhões de euros. Por iniciativa do PCP, no quadro da discussão do Orçamento do Estado, conseguimos 104 milhões de euros, além da comparticipação das autarquias".
"Para que esta medida não seja mais uma que fique no papel, mas esteja a ser concretizada", disse o líder comunista.
Jerónimo de Sousa diz ter encontrado na viagem "uma satisfação imensa e até alguma incredulidade" junto dos utentes.
"Muitas pessoas que não acreditavam que o seu passe que custa 74 euros, vindo de Sintra até ao Rossio, passe a 30 euros. Menos de metade, todos os meses, pesa nos orçamentos das famílias. Como diz o nosso povo, 'quando a esmola é grande o pobre desconfia'. Creio que, neste caso, o pobre não deve desconfiar porque é verdade que vai haver esta redução dos preços dos passes", rematou o secretário-geral do PCP.