O ministro Eduardo Cabrita considera que o Governo soube responder aos incêndios trágicos de 2017 e afirma que as condições de continuidade dos funcionários não dependem da confiança que o Estado deposita neles.
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O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, defende que a acusação de 12 pessoas pelas mortes das vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande não coloca em causa o sistema de Proteção Civil.
Em declarações aos jornalistas, esta sexta-feira, em Porto de Mós, o ministro defendeu que o Governo conseguiu responder ao problema. "A resposta foi dada pelo Governo. [O ano de] 2018 é a resposta", declarou Eduardo Cabrita.
O ministro disse não querer, para já, fazer balanços da situação dos incêndios no país durante este ano (uma vez que, ainda esta semana, o Governo teve de alargar a mobilização dos meios máximos da Proteção Civil até 15 de outubro), mas avançou alguns números que, considera, comprovam a eficácia da resposta dada pelo Governo.
Os dados disponíveis até ao momento apontam para que os incêndios estejam "44% abaixo da média dos últimos 10 anos" e também "a área ardida esteja 63% abaixo da média" desse mesmo período.
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Esta quinta-feira, o Ministério Público acusou 12 pessoas de 443 crimes de homicídio por negligência e 251 crimes de ofensa à integridade física. O Ministério Público considera que as vítimas dos incêndios de 2017, em Pedrógão Grande, foram apanhadas por um incêndio potenciado pela má limpeza da floresta debaixo das linhas elétricas e por um combate mal feito nas primeiras horas que tornaram a situação incontrolável.
Pelas mortes e ferimentos causados às vítimas dos fogos, foram acusados três autarcas, uma engenheira florestal, os antigos primeiro e segundo comandantes do comando distrital de Leiria da Proteção Civil, comandante dos bombeiros de Pedrógão Grande e dois subdiretores da EDP que geriam a linha elétrica da área onde o fogo começou.
Questionado sobre o assunto, o ministro da Administração Interna garantiu encarar as acusações "com a tranquilidade de quem entende que as instituições devem funcionar e que tudo deve ser apurado".
Eduardo Cabrita defendeu ainda que deve ser o comando nacional da Proteção Civil e os próprios funcionários acusados a avaliar as condições funcionais daqueles que foram acusados, afastando qualquer envolvimento com o Governo.
"Essas pessoas são funcionários, certamente os próprios e o presidente da Autoridade Nacional da Proteção Civil analisarão as condições funcionais", disse. "Não são pessoas que dependam da confiança" do Governo para se manterem em funções, afirmou o ministro.