"Impossível fazer essa leitura." Ministro nega ter dito que alunos mais pobres degradam residências

O ministro da Educação, Fernando Alexandre
Tiago Petinga/Lusa (arquivo)
Em causa estão as declarações do ministro da Educação que esta tarde disse que os alunos carenciados são responsáveis pela degradação das residências universitárias. Após as reações dos partidos políticos, Fernando Alexandre garante: "Impossível fazer essa leitura"
O ministro da Educação nega que tenha defendido que os alunos mais carenciados são responsáveis pela degradação das residências universitárias.
"Eu percebo que no mundo em que vivemos em que se pega em 20 ou 30 segundos aquilo que alguém diz muitas vezes isso pode parecer outra coisa. Mas se ouvir a minha declaração na íntegra, é impossível fazer essa leitura", afirmou Fernando Alexandre, em declarações à TSF.
"Aliás, na sessão em que as pessoas tiveram, ninguém fez essa leitura. As pessoas ouviram na íntegra. Eu comecei por falar dos princípios da igualdade de oportunidades, da liberdade de escolha, da importância da integração dos estudantes deslocados e foi nesse contexto que fiz a referência", acrescentou.
Para o ministro, "há evidências empíricas" que comprovam que a tendência num serviço público, "quando utilizado apenas por cidadãos de rendimentos mais baixos", é para que, "de facto, a qualidade se degrade devido à gestão".
Questionado se não está então a afirmar que as residências universitárias se degradam por responsabilidade dos mais pobres, Fernando Alexandre respondeu: "Não, isso é um absurdo."
Na cerimónia desta terça-feira, Fernando Alexandre defendeu que as residências públicas devem ter alunos de vários estratos sociais, caso contrário, dando prioridade aos bolseiros, irão degradar-se mais rapidamente. Na ocasião, o ministro alegou que é por "colocar na residência universitária os estudantes dos meios mais desfavorecido que se degradam", acrescentando que "o que vai acontecer às residências depende das universidades e politécnicos, mas também depende dos estudantes".
O PS já exigiu ao ministro da Educação que retifique declarações "preconceituosas e discriminatórias" que proferiu sobre alunos de famílias com mais baixos rendimentos, caso contrário deixará de ter condições para estar no Governo. O PCP anunciou que vai requerer a audição urgente do ministro da Educação no Parlamento, enquanto o Livre condenou as declarações "estigmatizantes" de Fernando Alexandre.
