Francisco Louçã, professor universitário e conselheiro de Estado, disse hoje no Fórum TSF que Marcelo Rebelo de Sousa corre o risco de ser olhado como uma espécie de sombra ou paralelo do Governo.
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Questionado no Fórum TSF sobre as vantagens ou desvantagens da presidência ativa do Chefe de Estado, nomeadamente quando comenta a atualidade, Francisco Louçã diz que "é difícil, até porque o Presidente depois pode arriscar falar muito e ser interpretado o que ele diz e sentir-se convidado ele próprio a reinterpretar as suas palavras".
O professor universitário dá um exemplo: "Quando disse que as eleições autárquicas marcariam um novo ciclo político. O que foi visto como um ataque a Pedro Passos Coelho, porque ele poderá perder as eleições autárquicas, ou até como um sinal em relação aos partidos da maioria parlamentar. Seja como for, o Presidente entendeu que tinha de depois desvalorizar o elemento anunciador da sua própria palavra e é problemático que um Presidente tenha de explicar no dia seguinte o que disse no dia anterior."
No dia em que passam três meses da presidência de Marcelo, Louçã diz que essa é "uma armadilha em que Marcelo Rebelo de Sousa caiu" e que o Presidente da República "não se devia expor a esse tipo de jogo de pingue-pongue".
Para o conselheiro de Estado, Marcelo corre o risco de ser olhado como "uma espécie de sombra ou paralelo do Governo", mas é "porventura uma das implicações possíveis de uma forma de intervenção hiperativista".
Francisco Louçã diz ainda que viu na declaração do Presidente sobre o diploma das 35 horas de trabalho na função pública "uma forma de atuação presidencial no limite dos poderes do Presidente, quase como se o Presidente fosse uma reserva da atividade do Governo, o que pode criar dificuldades grandes no entendimento da função presidencial e pode ser mais prejudicial a Marcelo Rebelo de Sousa do que vantajoso".