Contam-se pelos dedos os dias em que o Presidente não teve agenda pública e seria notícia se, em qualquer outro, tivesse uma iniciativa, sem direito a declaração.
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Sem dar descanso a seguranças e jornalistas, Marcelo comentou (quase) tudo, mas há assuntos sobre os quais optou pelo silêncio. Angola ou a escaldante situação política no Brasil são exemplo disso e o Presidente mantém-se parco em palavras sobre a questão da banca.
No campo inverso, reitera apelos à descrição e pede consensos políticos. Palavras que em três meses de mandato não saíram da boca de Marcelo Rebelo de Sousa, que chegou a Belém distanciado do próprio partido e em clima de namoro com o primeiro-ministro. Do Alentejo, partiram os primeiros avisos à navegação, mas a cumplicidade tem levado alguns golpes nas últimas semanas. Primeiro, Marcelo fala do "otimismo irritante" de Costa, dias depois vê-se obrigado a explicar o alegado prazo para o fim do atual Governo, que situou nas próximas autárquicas, e, mais tarde, numa entrevista ao alemão Die Welt, diz não ver grande diferença entre a atual governação e a de Passos Coelho.
Com as questões orçamentais e as metas impostas por Bruxelas sempre em pano de fundo, Belém refreia a sintonia com São Bento e fica a meio da ponte na polémica do fim dos contratos de associação. (Marcelo pedia negociação, mas contentou-se com a decisão do Governo). E, prestes a completar 90 dias de mandato, assina o primeiro veto presidencial.
Não apenas preocupado com as causas sociais, a inovação e o empreendedorismo, o novo inquilino do palácio é também muito voltado para a Cultura. Fez questão de ajudar a "pôr o Sequeira no lugar certo" e nunca deixa de visitar exposições, ir a concertos ou apresentações de livros.
Em território nacional, do Porto, onde ainda esteve nas cerimónias de posse, já percorreu vários distritos do litoral, como Aveiro, Coimbra, Santarém ou Leiria, e do interior, como Castelo Branco, Portalegre, Évora ou Beja. Já tem pré-agendadas, idas à Madeira e a Trás-os-Montes, onde vai realizar o segundo "Portugal Próximo", nome que sucede aos Roteiros de Cavaco ou presidências abertas de Soares. Na frente internacional, começou no Vaticano, seguiu para Madrid, regressou a Roma, esteve vários dias em Maputo, visitou o Parlamento Europeu em Estrasburgo, conversou com Angela Merkel, em Berlim, e assinala em Paris no primeiro 10 de junho.