Maioria rejeita revisão constitucional, mas se avançar PS é parceiro preferido
A sondagem da Pitagórica para TSF e JN mostra que, caso avançasse um processo de revisão da Constituição, deveria existir o reforço da transparência e responsabilização do sistema judicial, a legalização do estado de emergência por motivos de saúde pública e o voto eletrónico
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Tanto o PSD como o PS já deixaram claro que a revisão constitucional não é uma prioridade, embora a Iniciativa Liberal e o Chega já tenham declarado a intenção de avançar.
Numa altura em que social-democratas e socialistas já não têm os dois terços de votos necessários para aprovar propostas e embora essa maioria exista à direita, 51% dos inquiridos rejeitam a abertura de um processo de revisão constitucional, enquanto 41% concordam.
Entre quem rejeita estão sobretudo eleitores do PS e do Livre e os mais velhos, os votantes na AD e na IL mostram-se divididos com tendência para alinhar com a revisão que é claramente defendida por quem assume o voto no Chega.
Por segmentos, os jovens estão empatados entre o sim e o não a mexidas na Constituição, na área de Lisboa ganha o “sim” , e se as classes mais altas rejeitam a revisão, os mais pobres defendem que é preciso mudar.
Questionados sobre qual deveria ser o parceiro preferencial de uma hipotética revisão, 40% dos inquiridos apontam o Partido Socialista, 30% referem tanto o PS como o Chega e 18% defendem um entendimento com o Chega nesta matéria, são sobretudo os mais jovens.
Aos inquiridos foram propostos quinze temas para eventual alteração e aqueles que registam maior resistência são o reforço ou limitação dos poderes do Presidente da República e o direito de voto aos 16 anos (rejeitado pela maioria dos mais jovens).
Pelo contrário, existe mais apoio perante a proposta de reforçar a transparência e responsabilização do sistema judicial (80%), a possibilidade de voto eletrónico e por correspondência (80%), a legalização do estado de emergência por motivos de saúde pública (79%), a reforma sistema judicial (72%), a redução do número de deputados (consensual entre eleitores de todos os partidos) e o aumento do papel das Forças Aradas no apoio à segurança interna.
Com menor aprovação está a criação de círculos de um só deputado e mais abaixo na tabela estão propostas defendidas pelo Chega como a prisão perpétua para crimes especialmente graves, ou a castração química obrigatória para agressores sexuais reincidentes.
Ainda assim, regista-se que entre aqueles que dizem votar na AD existe uma maioria que apoia estas propostas, enquanto são rejeitadas pela grande fatia dos votantes no PS e na IL.
No caso da castração química e da prisão perpétua, metade das mulheres e dos jovens concordam.
Ficha técnica:
Sondagem realizada pela Pitagórica para TSF e Jornal de Notícias e para a com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com a atualidade do país. O trabalho de campo decorreu entre os dias 28 e 31 de maio de 2025. A amostra foi recolhida de forma aleatória junto de eleitores portugueses recenseados e foi devidamente estratificada por género, idade e região. Foram realizadas 951 tentativas de contacto, para alcançarmos 500 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 52,58%. As 500 entrevistas telefónicas recolhidas correspondem a uma margem de erro máxima de +/- 4,47% para um nível de confiança de 95,5%. A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.