Rio não rejeita taxa proposta pelo BE: "Não é assim uma coisa tão disparatada"
O presidente do PSD afirmou que não rejeita "liminarmente" a taxa especial proposta pelo BE em relação a negócios no setor do imobiliário.
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"Com isto não estou a dizer que somos favoráveis àquilo que possa vir a ser proposto pelo Bloco de Esquerda, agora não rejeito liminarmente, não é assim uma coisa tão disparatada, porque, efetivamente, uma coisa é comprarmos e mantermos durante 'x' tempo e outra coisa é andarmos a comprar e a vender todos os dias só para gerar uma mais-valia meramente artificial", sublinhou o presidente do PSD, esta terça-feira.
Rui Rio, que falava aos jornalistas no final de uma reunião com o bastonário da Ordem dos Psicólogos, no Porto, considerou que "o mercado tem de fazer o seu trabalho, mas há momentos em que se pode tentar ajustar no sentido de se tentar evitar os pesadíssimos custos sociais" que a livre oferta e procura pode produzir.
"Não estou a dizer que sou favorável, mas não rejeito liminarmente, não é uma ideia tão disparatada, nem eu posso dizer que a ideia é disparatada porque vem da esquerda e se viesse da direita era menos disparatada. Não é assim que oriento os meus pensamentos", sublinhou.
Rui Rio comparou os negócios com o imobiliário com o que se passa com as transações da bolsa de valores, onde o imposto que taxa as mais-valias é diferente consoante se tenha as ações durante um ano ou durante dois dias.
"Se passar a lógica da bolsa para o imobiliário é óbvio que vale a pensa pensar nisso. Ou seja, o mercado ajusta tudo, isso é verdade, mas ajusta tudo com preços sociais brutais muitas vezes", referiu.
Por isso, acrescentou, o Estado "às vezes deve intervir para ajudar a regular o mercado", que "segundo as teses liberais ajusta tudo, mas com custos sociais brutais".
No domingo, a coordenadora do BE, Catarina Martins, anunciou uma proposta para travar a especulação imobiliária, adiantando que essa medida tem condições para ser aprovada no âmbito do Orçamento do Estado para 2019. Catarina Martins disse que o mecanismo proposto seria semelhante à taxação "dos movimentos da especulação em bolsa", sujeitando a uma taxa especial quem compra e vende num curto período de tempo e com muito lucro.
Já esta terça-feira, o líder parlamentar do PS manifestou-se contra a taxa especial proposta pelo BE em relação a negócios no setor do imobiliário, contrapondo que a "especulação" combate-se com aumento da oferta de habitação acessível. "Não há qualquer intenção do Grupo Parlamentar do PS aprovar a proposta do Bloco de Esquerda", disse Carlos César.
A deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua já reagiu, no Twitter, afirmando que esperava um voto contra do CDS, não do PS. "É errado fechar portas ao princípio sem discutir medida. Mantemos proposta nas negociações", garantiu.