O caso do jantar da Web Summit no Panteão Nacional divide partidos. PSD e CDS-PP defendem que Governo deve assumir responsabilidades. PCP e BE esperam que casos destes não se repitam no futuro.
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É uma grande falta de responsabilidade e uma grande falta de vergonha ouvirmos o Primeiro-ministro a revelar uma grande indignidade, quando é claro no regulamento que a autorização da utilização dos espaços culturais está dependente de organismos do Estado e que esses eventos não podem ser contrários ao valor e ao domínio histórico que os espaços em causa terão", defendeu o vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, em declarações à TSF.
Sérgio Azevedo espera agora que António Costa tome "as diligências que entender necessárias, nomeadamente responsabilizando quem tomou esta decisão, e agir em conformidade". O social-democrata nega ainda que este caso possa ser atribuído ao Governo anterior, que apenas regulamentou a utilização dos espaços.
Para o CDS-PP, pela voz de Adolfo Mesquita Nunes, o Governo tem dois pesos e duas medidas em relação à Web Summit, pois "quando as notícias são positivas e o enfoque é bom, as responsabilidades são sempre deste Governo, e quando algo polémico sucede, este Governo lembra-se do Governo anterior".
O centrista recorda o regulamento para sublinhar que a avaliação que foi feita para a realização do jantar da Web Summit no Panteão Nacional "foi feita por este Governo, por esta tutela e por esta administração pública". Em declarações à TSF, Adolfo Mesquita Nunes diz ainda que o CDS abstém-se de adjetivar e comentar o jantar, mas "realça que se o Primeiro-ministro o considera indigno então esse adjetivo é extensível à administração pública que por ele é tutelada e que o permitiu".
Quanto ao PCP, o deputado António Filipe lamenta que o jantar tenha ocorrido num "espaço cuja dignidade não é compatível com iniciativas dessa natureza" e que agora é importante tomar medidas "designadamente ao nível da alteração eventual dos regulamentos aplicáveis, seja ao nível dos mecanismos para que sejam autorizadas atividades dessa natureza, que evitem que situações tão infelizes como esta possam ocorrer no futuro.
António Filipe acrescenta ainda que em relação a este caso "o mal está feito e quanto a isso já não há remédio por esta vez, mas o que é fundamental é tomar medidas" para que voltem a ocorrer situações semelhantes.
José Manuel Pureza, do Bloco de Esquerda, dá os parabéns ao Governo por mudar as regras mas critica o que aconteceu no Panteão Nacional: "Foi um disparate ofensivo, manifestamente desajustado à natureza do espaço em causa", acrescentando que "falta explicar se houve ou não houve autorização para este efeito e quais foram os critérios. Pensamos que o Governo deverá dar todas as explicações a este respeito".
Apesar da crítica, o BE "regista como um dado positivo a reação do Governo de alterar o quadro legal que permite um grande espaço de manobra para a decisão nesta matéria." Numa outra nota, José Manuel Pureza, em declarações à TSF, defende que este tipo de situações só acontece porque "há uma combinação de falta de bom senso e sofreguidão de obter receitas face a uma sub-orçamentação tão grande da gestão destes monumentos no âmbito da política cultural do país".