"Os cidadãos olham para a União Europeia como um guarda-chuva para os proteger"
Muito mudou desde as últimas eleições europeias, quando a taxa de abstenção foi histórica. Novos protagonistas e novos problemas vão marcar a diferença este ano, considera o Parlamento Europeu.
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"Os cidadãos olham para a União Europeia como um guarda-chuva para os proteger", considera Jaume Duch Guillot, diretor geral de Comunicações do Parlamento Europeu.
A pouco mais de um mês das eleições europeias, todos temem que se repita o cenário de 2014, ano em que a participação eleitoral foi a mais baixa de sempre.
Apenas 42,54% dos europeus foi votar nas últimas eleições para o Parlamento Europeu e em Portugal a abstenção foi ainda maior, com uma participação de 33,76%.
Muito mudou desde 2014, diz Jaume Duch Guillot no decorrer do seminário "Choose Your Future" no Parlamento Europeu. A relação entre a União Europeia e os Estados Unidos mudou e até a relação coma Rússia está diferente: "Vladimir Putin não é o mesmo que era há cinco anos", diz.
A situação económica, a imigração e o terrorismo fazem parte das preocupações dos Europeus e para lidar com elas os cidadãos "olham mais para o Parlamento Europeu do que para os seus próprios governos".
Philipp Schulmeister, responsável da Unidade de Opinião Pública da Europa, lembra que estes já eram temas de interesse em 2014, mas as prioridades mudaram. Ou melhor, de mês para mês, estão sempre a mudar.
Segundo dados recolhidos no âmbito do Eurobarómetro, em abril de 2018 a principal preocupação dos europeus (49%) era o combate ao terrorismo, em março de 2019 o problema passou a ocupar o quinto e último lugar da lista (41%).
Os europeus dizem-se agora sobretudo preocupados com o crescimento económico (50%) e o combate ao desemprego jovem (49%). A questão da imigração, que em setembro de 2018 chegou a estar no topo de preocupações dos europeus (50%), desceu para o terceiro lugar da tabela (43%).
Enquanto em setembro de 2018 a imigração fazia parte das principais preocupações dos portugueses, a par com o crescimento económico, agora só o segundo caso é referido.
Por outro lado, surgem novas preocupações passiveis de influenciar o voto dos eleitores europeus, como as alterações climáticas e a proteção do ambiente.
Numa altura em que se acumulam as incertezas quanto ao Brexit, a maioria dos países pretende continuar na União Europeia. Mais de dois terços (65%) dos cidadãos europeus votariam pela permanência se o seu país decidisse referendar a questão. Apenas 14% votaria a favor da saída, enquanto 18% ficaria sem saber o que fazer.
A Polónia é o mais recente país a admitir que pode seguir o exemplo do Reino Unido. A coligação de partidos da oposição alertou este sábado para o risco de uma saída da União Europeia provocada pelo partido conservador e eurocético no poder, o Lei e Justiça (PiS).
No entanto, os dados do Eurobarómetro, revelados por Philipp Schulmeister revelam que apenas 9% dos polacos votariam a favor da saída, enquanto 75% preferiam ficar.
Em Portugal são ainda menos aqueles que considerariam abandonar a União Europeia - 7% contra 77% que preferem ficar, os restantes dizem-se indecisos.
Por outro lado, quando questionados se o seu país "está a caminhar na direção certa", em março de 2019 metade dos inquiridos admitia que não.
As eleições decorrem entre 23 e 26 de maio, consoante o Estado-membro. Em Portugal estão marcadas para dia 26 de maio.
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A TSF viajou para Bruxelas a convite do Parlamento Europeu