O primeiro-ministro e presidente do PSD desafia o Partido Socialista a aceitar uma revisão constitucional extraordinária. A ideia de Passos Coelho é que rapidamente possa haver novas legislativas.
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"Estou inteiramente disponível para dar o meu apoio a uma revisão constitucional extraordinária que garanta a possibilidade de o parlamento ser dissolvido para que seja o povo português a escolher o seu Governo", afirmou Passos Coelho, numa sessão pública promovida pelo PSD e pelo CDS-PP, num hotel de Lisboa.
"Se aqueles que querem governar na nossa vez não querem governar como golpistas ou como fraudulentos, deveriam aceitar essa revisão constitucional e permitir a realização de eleições", acrescentou o chefe do executivo PSD/CDS-PP, que foi demitido na terça-feira através de uma moção de rejeição aprovada pelos partidos da oposição.
No mesmo sentido, declarou: "Quem quer governar em alternativa a quem ganhou as eleições, se quer governar com apoio popular, se quer governar de acordo com a vontade do povo, devia comprometer-se em garantir as condições para a dissolução do parlamento, para que fosse o povo a escolher aquilo que lhes foi ocultado na altura das eleições".
Em seguida, Passos Coelho voltou a avisar o PS que não conte com os votos das bancadas à sua direita, se formar Governo no atual quadro político: "Se não aceitarem [fazer uma revisão constitucional], se preferirem governar como quem assalta o poder e defrauda os eleitores, então, como eu disse no parlamento, não têm nenhuma legitimidade para ao PSD e ao CDS exigirem seja o que for. Têm de se bastar a si próprios".
Antecipando perguntas dos jornalistas, o presidente do PSD adiantou: "Nós votaremos de acordo com a nossa consciência e como quisermos". Depois, aconselhou a comunicação social a questionar os partidos da oposição: "Eles é que têm de dizer como é que vão votar daqui para a frente".
No final do seu discurso, o presidente do PSD manifestou-se confiante "na decisão dos portugueses".
Passos Coelho acusou os partidos da oposição de estarem a "decidir na vez dos portugueses" a formação de um Governo do PS apoiado por BE, PCP e PEV, insistindo na necessidade de novas eleições.
"Se o país não quer regressar às etapas difíceis e que já venceu do seu processo democrático, em vez de andar a saltar o muro para o outro lado, do que nós precisamos é que os políticos admitam com humildade o resultado das últimas eleições, e se essa humildade não tiverem, que se comprometam com umas novas eleições para que seja o país a escolher aquilo que quer", disse.
"Representantes dos portugueses que, menos de cinco semanas depois das eleições, já estão a decidir na vez dos portugueses que Governo devem fazer, esses representantes deviam prestar contas rapidamente", advogou.