O ex-primeiro-ministro diz que quando passou a pasta a António Costa lhe disse que "Portugal tem todas as condições para apresentar um défice abaixo dos 3% no final do ano", mas deixou o aviso: "para o conseguir, o senhor terá de empenhar-se nisso".
Corpo do artigo
O presidente do PSD falava na Guarda, na abertura da Academia dos Autarcas Social Democratas, e assumiu que a meta que possibilita a Portugal sair do procedimento por défice excessivo "é alcançável".
"Será difícil chegar à meta inicialmente prevista, de 2,7% mas está ao nosso alcance ter um défice abaixo dos 3%, desde logo porque a despesa corrente continua a baixar e a evolução da receita tem sido também favorável".
Numa intervenção de quase 40 minutos Passos Coelho sustentou que deixa um país "com a economia a crescer, o desemprego e a divida púbica a descer".
Passos Coelho lembrou também o conselho que deixou a António Costa quando "passou a pasta": "se quiser um défice de 3% isso está ao seu alcance, mas, para o poder alcançar, o senhor terá de se empenhar nisso. Eu se estivesse neste lugar até ao final do ano teria de me empenhar nisso para ter um défice inferior a 3%. Nunca teríamos as metas que alcançamos no passado se eu não me tivesse empenhado nisso. Se não tivesse dado força à ministra das Finanças, e ao ministro das Finanças que a antecedeu, para que junto dos colegas pudesse resistir às pressões orçamentais que sempre existem. Se nós estivermos no governo para fazer o que toda a gente quer então não é possível atingir as metas. Nós temos de fazer escolhas".
O ex primeiro-ministro fez ainda questão de afirmar que deixou "reservas para acomodar despesas até final do ano". O líder do PSD lembrou a dotação provisional de "530 milhões ao longo do ano e o que ficou de reserva para dezembro é mais do que um duodécimo desse valor o que quer dizer que gastámos menos da dotação orçamental. Deixamos folga e se for utilizada o défice não cresce por causa disso porque já está nas contas", garantiu.
No final Passos Coelho avisou ainda os militantes que "acabou o tempo de pedir eleições antecipadas. Cabe ao governo governar", concluiu.
Perante as declarações do antigo primeiro-ministro, o PS já reagiu. João Paulo Correia, coordenador do partido socialista na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças fala de desespero.
Já o secretário-geral do PCP acusou o anterior Governo, esta sexta-feira, numa sessão com militantes comunistas de Évora, de ter utilizado a "bandeira" do défice para "tentar enganar" os portugueses, alertando que outras más noticias vão aparecer.
Entretanto, esta sexta-feira, o PSD emitiu um comunicado sobre os dados divulgados, quinta-feira, pela UTAO.