Portugueses repatriados podem ter de "participar" nos custos da operação, mas é "questão de ponderação política"
Em declarações à TSF, Augusto Santos Silva defende que o Parlamento "devia protestar" pela sujeição dos ativistas portugueses, que integravam a flotilha humanitária, a "condições de detenção indignas" em Israel, ao mesmo tempo que podia "saudar a ação absolutamente exemplar da embaixada em Telavive"
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O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva reconhece que o regulamento de proteção consular prevê que possa ser pedido aos cidadãos, que receberam apoio para regressar a Portugal, que "participem nos custos dessa operação". No entanto, no caso de Mariana Mortágua, que integrou a flotilha humanitária Global Sumud, sublinha que houve uma detenção em águas internacionais, tendo a deputada sido sujeita a condições "indignas", pelo que nestas circunstâncias deve haver "ponderação política".
Em causa está o anúncio de Mariana Mortágua, que garantiu na terça-feira que vai pagar os custos da viagem de regresso a Portugal, depois de ter sido detida por Israel, na semana passada, quando ia a bordo da flotilha humanitária que tinha Gaza como destino.
Em declarações à TSF, Santos Silva explica que o "regulamento de proteção consular prevê essa possibilidade", mas ressalva que esta é igualmente uma questão de "ponderação política".
"Aqui, eu creio que há uma ponderação de natureza, não apenas administrativa, mas também política a fazer, visto que se trata de portugueses que foram presos e foram sujeitos a condições de detenção indignas. As pessoas que foram detidas em águas internacionais", argumenta.
A par disto, o também antigo presidente da Assembleia da República reforça a ideia que já tinha sido defendida pelo secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, na TSF.
"O Parlamento português devia protestar, ao mesmo tempo que pode também saudar a ação absolutamente exemplar da embaixada e da secção consular da nossa embaixada em Telavive, que foram inexcedíveis na proteção dos nossos concidadãos", defende.
Augusto Santos Silva considera mesmo que é "mais importante" que o Parlamento se pronuncie sobre esta situação, visto que uma "deputada, que foi detida em condições desumanas, foi sujeita a uma humilhação por parte do ministro israelita do Interior absolutamente inaceitável", destaca.