Presidenciais. Catarina Martins cola Seguro à direita, candidato pede concentração de votos em si

Matilde Fieschi
No debate televisivo que opôs a candidata apoiada pelo BE e o candidato que conta com o apoio do PS, Catarina Martins recuou ao tempo da troika para acusar António José Seguro de ter acordado com o PSD e o CDS-PP orçamentos do Estado e leis laborais. Seguro defendeu que "em momentos difíceis e que o país estava sob a assistência financeira, aquilo que se exige um líder político é que esteja do lado da responsabilidade"
Catarina Martins acusou este sábado António José Seguro de se ter "aliado à direita" quando era secretário-geral do PS, num debate entre candidatos a Presidente da República no qual o socialista apelou a uma concentração de votos na sua candidatura.
No debate televisivo transmitido pela SIC, que opôs a candidata apoiada pelo BE e o candidato que conta com o apoio do PS, Catarina Martins recuou ao tempo da "troika" para acusar António José Seguro de ter acordado com o PSD e o CDS-PP orçamentos do Estado e leis laborais.
Catarina Martins considerou que Seguro preferiu "aliar-se à direita contra quem trabalhava, e contra a Constituição da República Portuguesa", e questionou "o que é que fará agora" caso seja eleito Presidente da República.
A bloquista procurou também distanciar-se do adversário, assinalando que naquela altura estava "com Mário Soares a lutar por uma política europeia contra a austeridade, com deputados do PS, como Isabel Moreira, a ir ao Tribunal Constitucional para devolver o subsídio de férias, o subsídio de Natal às pessoas" e, mais tarde, na altura da "geringonça", fez acordos à esquerda para "repor os cortes" da governação de Passos Coelho.
"Eu não me aliei em nenhum momento à direita", respondeu António José Seguro, justificando que o PS se absteve na votação do Orçamento do Estado para 2012 em nome do "interesse nacional", porque o país atravessava "uma situação difícil" e "precisava dar um sinal de coesão política quanto ao objetivo, que era fazer o ajustamento".
O candidato apoiado pelo PS defendeu que "em momentos difíceis, em momentos de grande sofrimento, em momentos de grandes dificuldades e que o país estava sob a assistência financeira, aquilo que se exige um líder político é que esteja do lado da responsabilidade", e indicou que é isso que fará em Belém.
António José Seguro sustentou igualmente que se opôs "à austeridade", defendendo "um caminho alternativo" baseado "no crescimento, e não apenas em cortes", e considerou injusto a adversária tentar "colá-lo a esse governo" PSD/CDS-PP.
E acusou o BE de defender para Portugal um modelo económico "igual àquilo que o Syriza aplicou na Grécia", que resultou em "mais sofrimento, menos pensões, menos salários", e de querer "suspender os compromissos com os credores".
O antigo líder socialista avisou também a adversária que "tentar agarrar-se no património de Mário Soares é uma coisa que não lhe fica bem".
Já na reta final do debate, Catarina Martins sustentou que "a esquerda precisa de muito mais clareza e menos jogos, precisa de muito mais esperança e menos cálculo" e António José Seguro apelou a uma "convergência de votos" na sua candidatura, que lhe permita passar a uma eventual segunda volta e evitar que seja disputada entre "dois candidatos de direita".
Seguro defendeu também que Portugal "precisa de um equilíbrio político" face a uma "hegemonia da direita" e considerou ser necessária "uma pessoa moderada" que "venha da esquerda, mas que seja capaz de dialogar com todos os setores da sociedade".
No início do debate, os dois candidatos a Belém concordaram que o Ministério Público deve dar mais explicações sobre a evolução da operação Influencer, pedindo celeridade, e criticaram as escutas que vieram a público recentemente, através da comunicação social.
Enquanto Catarina Martins considerou que o Procurador-Geral da República "fica fragilizado", António José Seguro não se quis focar em Amadeu Guerra e afirmou que "a Justiça fica fragilizada".
Sobre uma eventual recondução do Procurador-Geral, Seguro indicou que uma das primeiras iniciativas será chamá-lo a Belém para "uma reunião de trabalho", recusando fazer "avaliações sem ouvir as pessoas".
No plano das relações internacionais, os dois adversários divergiram também sobre a NATO, com Catarina Martins a defender a extinção da organização e Seguro a defender a permanência de Portugal.
