Carlos César, líder parlamentar do PS, diz que acordo terá de ser "aclarado" antes da discussão do programa de governo. Socialistas e comunistas não adiantam detalhes sobre avanços das negociações. Coligação PSD/CDS-PP acusa esquerda de bloquear parlamento.
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"Quando houver esse acordo, ele deverá ser comunicado e é importante que esse acordo seja aclarado, evidentemente, antes da discussão do programa do governo", disse Carlos César aos jornalistas no final do encontro com o ministro dos Assuntos Parlamentares.
Sem revelar pormenores sobre as negociações, o líder da bancada socialista sublinha que o PS só irá chumbar o programa de governo [discutido nos próximos dias 9 e 10] se chegar a acordo com PCP, BE e PEV para uma "alternativa responsável, estável e com sentido duradouro".
"Se esse acordo for conseguido, e presume-se que tem uma alta probabilidade de o ser, votaremos a nossa própria moção de rejeição. Se assim não for, vale o que dissemos na noite eleitoral: não deixaremos o país sem governo", acrescentou.
Questionado pelos jornalistas, sobre as noticias que dão conta de uma corrente de oposição interna no PS, que rejeita o acordo à esquerda e que é liderada pelo eurodeputado e ex-líder parlamentar Francisco Assis, Carlos César desvaloriza: "Se estivéssemos a consumar um acordo com o PSD e o CDS-PP, certamente que teríamos um conjunto de camaradas reunidos contra um acordo dessa natureza".
PCP reitera intenção de rejeitar programa de governo
Já o PCP, pela voz do líder parlamentar, saiu da reunião com o ministro Carlos Costa Neves sem comentar os avanços das negociações com PS e BE, reiterando, no entanto, que os comunistas "tudo farão" para fazer cair o governo.
João Oliveira reafirma que o PCP vai avançar com uma moção de rejeição, mas não adianta se o documento será, ou não, em conjunto com PS e BE: "Da nossa parte, pretendemos contribuir para a rejeição deste governo, apresentando uma moção de rejeição. Tudo o resto resultará eventualmente de contactos".
Coligação acusa esquerda de "bloquear parlamento"
Depois de, na semana passada, em conferência de líderes, terem acusado a esquerda parlamentar de bloquear dos trabalhos dos deputados, PSD e CDS-PP sublinharam essa ideia perante o ministro dos Assuntos Parlamentares.
"O parlamento está na plenitude das suas funções e portanto deve trabalhar com toda a normalidade. Amanhã teremos uma conferência de líderes onde vamos reiterar essa posição", disse Luís Montenegro.
O lider da bancada social-democrata acusa ainda os grupos parlamentares à esquerda de não estarem disponíveis para discutir as próprias iniciativas legislativas, recusando a ideia de "teatro" ou "encenação" por parte da coligação PSD/CDS-PP.
"O parlamento não pode nem deve funcionar nem com prometidos chumbos nem com prometidas aprovações", concluiu.
Já o líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, defendeu que não devem ser queimados "passos democráticos", afirmando que o atraso nos trabalhos parlamentares é "inexplicável" e um "embaraço".
Nuno Magalhães salientou ainda que o encontro com Carlos Costa Neves serviu para manter "a boa tradição de coesão e de união entre a maioria".