PSD evita confrontos e debate ganha espaço. A análise à justificação de Marcelo sobre propinas
Pedro Marques Lopes e Pedro Adão e Silva, comentadores de política da TSF, consideram que a nota publicada pela Presidência vem acabar com a polémica com o PSD.
Corpo do artigo
Os comentadores de política da TSF, Pedro Marques Lopes e Pedro Adão e Silva, são unânimes quanto ao efeito da justificação apresentada esta quarta-feira por Marcelo Rebelo de Sousa acerca da sua posição face à extinção do pagamento de propinas: vem acabar com uma polémica com o próprio PSD.
Para Pedro Marques Lopes, o "perdão" do partido em relação à mudança de posição de Marcelo Rebelo de Sousa tem como objetivo evitar um confronto com o Presidente da República.
"Não é essa a posição do PSD, uma posição que é tão legítima quanto a do Presidente da República. Acho que, de uma forma pouco cuidada, David Justino lembrou que o Presidente da República tinha tido outra opinião há bastante mais tempo. Depois o PSD recuou e explicou o evidente: toda a gente pode mudar de opinião, até um Presidente da República. Essa justificação - ou espécie de perdão que o PSD fez a Marcelo Rebelo de Sousa - foi um 'esconder a mão' para tentar não ter problemas com o Presidente da República", considera o comentador da TSF, um dos intervenientes do programa Bloco Central .
TSF\audio\2019\01\noticias\09\pedro_marques_lopes_comentario_marcelo
Esta segunda-feira, o vice-presidente dos social-democratas, David Justino, recordava que o atual modelo de propinas praticado no ensino superior resulta de um "acordo de regime" com 20 anos, quando Marcelo Rebelo de Sousa era líder social-democrata.
Já Pedro Adão e Silva, também comentador residente do Bloco Central, nota que para além de encerrar a polémica, a justificação de Marcelo Rebelo de Sousa vem alertar para a necessidade de recentrar o debate ao invés de alimentar polémicas com mais de 20 anos.
"Uma das características das intervenções políticas do presidente Marcelo Rebelo de Sousa é a de que, normalmente, posiciona-se sob as questões substantivas e, com isso, encerra os debates. Diria que, a partir de agora, o debate do tema - que é muito sensível - das propinas no ensino superior passa a ser uma discussão tida noutros termos e num outro contexto. De certa forma, isso é um contributo, é necessário que os partidos principais se entendam em torno desta matéria e que tenham capacidade de dialogar. A iniciativa de segunda-feira foi útil desse ponto de vista, como se vê, aliás, pelas reações dos partidos e do Presidente da República. É importante que sejamos capazes de debater e não de ficar sempre a alimentar e a reproduzir polémicas, desde logo polémicas que remontam a 1997 e não ao Portugal de 2018 e 2019", explica o comentador TSF.
TSF\audio\2019\01\noticias\09\pedro_adao_e_silva_cortar
Esta quarta-feira, numa nota publicada no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa veio explicar que como cidadão, sempre defendeu um regime de propinas que refletissem a capacidade económica dos estudantes. Mas, como Presidente, considera a ideia do Governo de extinção das propinas, um passo importante para combater o estrangulamento na passagem do ensino secundário para o ensino superior.