Catarina Martins justifica desconforto com passado do novo chefe das Secretas em Timor enquanto chefe da missão naquele país. "Houve vários episódios bastante complicados e nunca antes esclarecidos."
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Catarina Martins assumiu esta sexta-feira o "incómodo" quanto à escolha de José Júlio Pereira Gomes para chefe das Secretas. A líder do Bloco de Esquerda justifica o desconforto com o passado de Pereira Gomes em Timor, país no qual chefiava a missão em 1999, depois das acusações de Ana Gomes ao DN e de um artigo de opinião de Luciano Alvarez no Público. O BE foi fundado em 1999 e Timor foi uma das primeiras bandeiras do partido.
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"É sabido que quando Pereira Gomes chefiava a missão em Timor houve vários episódios bastante complicados e nunca antes esclarecidos", começou por dizer a bloquista sobre o tema. "O Bloco de Esquerda acompanhou a situação de Timor de perto. Há várias pessoas que foram ativistas da causa, muito próximos. Sempre tiveram algum incómodo com o que aconteceu na altura."
E continuou: "Para alem do incómodo que possamos ter sobre o que aconteceu na altura em Timor, o que tem vindo a ser relatado nos últimos dias aumenta essas preocupações e deve ser considerado como um dado novo; e o Governo deve reconsiderar [a escolha de Pereira Gomes]".
Marcelo aguarda "audições" para escolha de chefe de Secretas
Presidente da República garante que as audições parlamentares para nomeação do secretário-geral dos serviços de informações "são muito importantes" e assegura que, se for chamado a intervir, o fará de modo "discreto" para ser "eficaz".
Marcelo Rebelo de Sousa recusou, ao início da tarde na ilha Terceira, comentar a polémica gerada em torno da escolha de José Júlio Pereira Gomes para chefiar as "secretas".
Durante uma visita à Base das Lajes, nos Açores, o presidente da República defendeu que as audições parlamentares que antecedem a nomeação do novo secretário-geral dos serviços de informações "são muito importantes", assegurando que "acompanha o processo com atenção". Questionado pelos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que a nomeação para o cargo "passa pelo parlamento e pelo Governo", não lhe cabendo, por isso, intervir formalmente sobre essa matéria. "As audições são muito importantes em termos do esclarecimento no processo de designação", disse o chefe de Estado, contrariando a ideia de tratar-se de simples "pro forma'.
"Quando há uma audição, nunca é formal, é sempre substancial. Não se trata de cumprir um pró-forma, de alguém que chega, que pode ficar em silêncio e depois sai em silêncio porque se cumpriu o formalismo",sustentou o presidente, garantindo, no entanto, que se for chamado a intervir o fará de modo "discreto", porque só dessa forma poderá ser "eficaz".