No parlamento, o comandante do Regimento de Engenharia 1, Mendes Martins, pouco ou nada adiantou sobre o furto, mas assinalou a situação "crítica" da unidade. Armas estão em instalações com "melhores condições".
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O coronel de Engenharia Mendes Martins, atual comandante do Regimento de Engenharia nº 1 - e que entrou em funções "mais de um ano após o furto de material militar em Tancos -, lamentou, esta quinta-feira, na comissão parlamentar de inquérito sobre o caso, que haja uma "tendência de redução de efetivos" na estrutura militar.
Questionado pelos deputados sobre as exigências do serviço de segurança aos Paióis Nacionais de Tancos, o oficial escusou-se a responder, mas lembrou a situação vivida na unidade que lidera - e que integrava o grupo de unidades responsáveis pela segurança dos paióis. "O meu efetivo é um aspeto crítico. Tenho 50 por cento do que deveria ter. Mais crítica é a situação de praças. Tenho entre 30 a 35 por cento do efetivo que deveria ter", assinalou.
Numa audição requerida pelo PS e em que o coronel Mendes Martins pouco ou nada adiantou sobre a madrugada do furto - lembrando que, à data, ainda se encontrava no Instituto Universitário Militar -, os deputados Álvaro Castello-Branco, do CDS-PP, e João Vasconcelos, do BE, fizeram questão de sublinhar que a sua audição seria, inclusive, dispensável.
Na comissão, o oficial abordou, no entanto, questões relacionadas com as rondas de segurança ou as instalações, defendendo que o material militar está agora guardadas em "melhores condições" do que as que se verificavam nos Paióis Nacionais de Tancos.
"As condições nos Paióis Nacionais de Santa Margarida [para onde foi transferido algum do material militar que se encontrava em Tancos] são melhores dos que as que havia em Tancos", disse o oficial, que adiantou aos deputados que, neste momento, não há armas nos paióis que foram encerrados após o furto: "Não está nada em Tancos".
Segundo o coronel Mendes Martins, continua a existir segurança no perímetro dos Paióis Nacionais de Tancos, mas, ao contrário do que sucedia anteriormente, apesar de contarem com a segurança de "um sargento e dois praças" - a quem compete vigiar as instalações -, foram "esvaziados no seu interior".
Questionado pelo deputado Álvaro Castello-Branco, do CDS-PP, o militar deixou ainda elogios ao local onde se encontrava o material militar, lembrando que os Paióis Nacionais de Tancos estavam, inclusive, a ser alvo de "obras de remodelação" com vista à sua melhoria: "Eram uma infraestrutura válida e com capacidades", afirmou o oficial, reconhecendo, no entanto, os problemas existentes nas redes de segurança e nos equipamentos de videovigilância.
Quanto ao furto e material militar, entende-o como um "embaraço" para a estrutura militar e algo "grave" que "não deveria ter acontecido", mas que "infelizmente aconteceu". "Tem havido alguma serenidade em conseguir viver o dia-a-dia apesar de ter acontecido esse facto. Mas, há a serenidade suficiente para cumprir as missões", afirma, contudo, o coronel de Engenharia.
A comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos tem previstas audições a 63 personalidades e entidades. Decorre durante 180 dias, até maio de 2019, e é prorrogável por mais 90 dias, para que se possa chegar a conclusões.