"Tornar os deputados em meros funcionariozinhos burocratas é matar a liberdade"
O deputado do PSD Luís Campos Ferreira pede que não se julgue o Parlamento "por episódios menos felizes", como a polémica das falsas presenças de deputados.
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Luís Campos Ferreira critica a possibilidade de os deputados passarem a ser obrigados a 'picar o ponto' através de um registo biométrico, como impressões digitais, como pedem duas petições de cidadãos .
"Deputados de clausura? Eu sou contra", defendeu o deputado do Partido Social-Democrata (PSD) em declarações à TSF esta manhã.
Campos Ferreira diz-se contra a exclusividade dos deputados e defende que os parlamentares devem manter as suas profissões e participar ativamente noutros campos da sociedade.
"Tornar os deputados em meros funcionariozinhos burocratas é matar a energia, matar a esfera da liberdade, matar o 25 de Abril", defende.
A propósito dos casos de falsas presenças, o deputado diz que "não podemos julgar o Parlamento por episódios menos felizes. É muito mais do que isso" - um espaço de troca de ideias e de liberdade, fundamental para a democracia.
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Além disso, nota Campos Ferreira, a Assembleia da República é agora "muito mais" transparente, em especial graças ao trabalho dos jornalistas e exigência dos cidadãos.
A poucos dias de abandonar o Parlamento após cinco legislaturas, o deputado social-democrata recorda o episódio em que fez soar em pleno plenário a música das tourada, seguida de um "Olé!", para sublinhar as divisões da bancada do PS na votação da redução do IVA da tauromaquia.
Admite que pode ter deixado muita gente "irritada", mas acredita que a maioria "ficou divertida". Muitas vezes o "humor não é bem visto - há algumas dificuldades em interpretá-lo - mas o humor faz pontes e resolve muitos problemas a nível diplomático", defende.
O "combate político através do humor" é válido, considera, "não para nos rirmos dos outros, mas para nos rirmos com os outros".
Outras músicas toca o seu próprio partido: "a orquestra precisa de ser mais afinada, a música precisa de tocar mais alto e melhor"
Segundo Campos Ferreira há "pessoas válidas dentro do partido que se sentem marginalizadas por esta direção" e ele próprio deixa Parlamento "sem satisfação" pelo que está a acontecer.