Urna "aberta no chão" para "mexerem nos votos". Candidatura da AD nas Caldas da Rainha denuncia "atropelo claro à lei"
Em declarações à TSF, o cabeça de lista da coligação AD à Câmara das Caldas da Rainha aponta que a situação é "digna de um país do terceiro mundo" e revela que já apresentou queixa à Comissão Nacional de Eleições: "Eu sentir-me-ia muito mal se ganhasse umas eleições em que sabia que tinha havido este comportamento"
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A candidatura da Aliança Democrática (AD) à Câmara das Caldas da Rainha, vai pedir a impugnação do ato eleitoral neste concelho, alegando que foram violadas urnas em pelo menos três mesas do voto.
Em declarações à TSF, o cabeça de lista da coligação, o social-democrata Hugo Oliveira, adianta que foi alegado que os votos "não cabiam mais na urna" e, por isso, era necessário "calcar" os boletins, uma vez que "não havia mais urnas". No entanto, adianta, "passado pouco tempo chegaram novas urnas — que nem foram seladas".
"Se havia necessidade de novas urnas, pediam-se novas urnas. Não se abria e cortava o selo, violando a própria lei. Se havia essa possibilidade, tinha-se mandado vir logo", sublinha.
Hugo Oliveira garante que estes atos "foram filmados" numa das mesas de voto e nas restantes existem "testemunhas" que viram a "urna no chão aberta e a mexerem nos votos".
Para o social-democrata está em causa um "atropelo claro à democracia e à lei". "Não pondo em causa o resultado eleitoral — eu aceito aquilo que for a vontade dos eleitores —, eu não posso é aceitar que haja estes atropelos num Estado democrático como o nosso. Não vale tudo. Há que haver respeito e eu sentir-me-ia muito mal se ganhasse umas eleições em que sabia que tinha havido este comportamento", destaca.
A denúncia parte, então, da vontade de "defender o Estado democrático", que entende ter ficado "em causa no momento eleitoral". Por isso, já enviou queixa à Comissão Nacional de Eleições.
"Aquilo a que assistimos aqui é digno de um país do terceiro mundo", atira.
As eleições de domingo, nas Caldas da Rainha, deram a vitória ao Movimento Independente Vamos Mudar (VM), que recandidatou o atual presidente Vítor Marques.
O VM conquistou em 2021 a autarquia que desde o 25 de Abril era liderada pelo PSD.
Nestas eleições o movimento independente conseguiu 9460 votos (37,67%), elegendo o presidente e dois vereadores. A lista integrava elementos do PS, partido que optou por não apresentar candidatura própria.
A AD (PSD/CDS-PP) conseguiu 9320 votos (37,11% da votação) e elegeu três vereadores para o executivo. O Chega elegeu também, pela primeira vez, um vereador.