Vitória do Chega em Albufeira foi "uma surpresa boa para ver" se problemas "acabam de uma vez"
Em Albufeira, a vitória do Chega com 40, 51% dos votos era esperada pelos munícipes
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Estamos no início da tarde e a música dos bares, tanto na praia da Oura como no centro de Albufeira, já está bem alta. "A música está uns decibéis acima do que é permitido por lei", assegura à TSF Andreia, que gere um mini mercado na zona. É uma das bandeiras que andou na boca dos candidatos à autarquia, mas que o Chega conseguiu capitalizar em seu proveito, vencendo a Câmara Municipal que pertencia ao PSD há mais de duas décadas. Andreia conta que as pessoas que moram na zona da baixa da cidade não conseguem descansar, "sobretudo nos meses de junho, julho e agosto", época alta do turismo.
Na mesma rua, na Oura, Maria Alice tem uma loja onde vende souvenirs e artigos destinados sobretudo aos turistas. Só há poucas horas tomou conhecimento dos resultados das eleições. "Foi uma boa surpresa. Para ver se isto acaba de uma vez", afirma. "Isto" é o tráfico de droga que, garante, se faz à vista desarmada ao pé do seu estabelecimento. "Tenho de fechar a loja a meio da noite e as câmaras [de vigilância] não resolveram nada!", revela.
No mesmo local, há quem se queixe dos desacatos constantes provocados pelos turistas embriagados. Durante a campanha e na noite eleitoral, Rui Cristina, deputado do Chega e agora o presidente eleito, adiantou que a sua prioridade é colocar mais efetivos na polícia municipal.
Se antes das eleições poucas eram as pessoas que em Albufeira confessavam votar no partido da direita radical, agora já ninguém o esconde. Para Andreia, esta vitória não foi uma surpresa. "Fiquei contente", admite.
“Nos últimos quatro anos não vimos melhorias nas infraestruturas, em nada. Já era uma palhaçada”, considera.
Na rua, enquanto fuma um cigarro, Mauro explica a vitória do Chega pelo elevado número de imigrantes que chegou ao concelho. O discurso de André Ventura encontra aqui respaldo. “Tem de haver algum controle, não pode ser aquela política, perdoe-me a expressão, de 'perna aberta' que se verificou nos últimos anos”, acentua. Considera que é preciso também resolver o problema da habitação no concelho que, devido ao turismo, tem preços proibitivos.
Os eleitores que votaram no candidato aguardam agora com expectativa os próximos quatro anos. "A gente tem de compreender que em quatro anos se calhar não consegue fazer grande coisa, agora aqueles que lá estiveram 15, 20 anos...", deixa no ar a crítica Maria Alice.