Ventura acusa Governo de manter Orçamento com "vícios" e de ter o PS como "muleta"

Tiago Petinga/Lusa
"Este Orçamento mantém todos os vícios do PS", defendeu André Ventura no discurso que proferiu momentos antes da votação final global da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2026
Corpo do artigo
O presidente do Chega justificou esta quinta-feira o voto contra a proposta de Orçamento por o Governo manter "vícios" socialistas de tirar a quem produz, para distribuir a quem nada faz, tendo por isso o PS como muleta.
Esta foi um das acusações centrais feitas por André Ventura no discurso que proferiu momentos antes da votação final global da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2026 na Assembleia da República.
Na sua intervenção, o presidente do Chega tentou meter no mesmo saco o Governo PSD e CDS e o PS - o partido que deverá viabilizar o Orçamento através da sua abstenção.
"Este Orçamento mantém todos os vícios do PS. Tira a quem trabalha e a quem produz, para distribuir a quem nada faz. Em Portugal, 34,7% do Produto Interno Bruto (PIB) será carga fiscal, isto feito pelo mesmo Governo que dizia pretender aliviar as empresas", apontou.
André Ventura procurou também evidenciar contradições no discurso do secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, citando críticas feitas pelo socialista sobre um Orçamento que irá empobrecer o país e sem ambição, mas em relação ao qual se prepara para se abster.
"Quando o Governo diz que quis cortar com o PS em muitos vícios, veja-se só o que acontece com os grupos de trabalho. Em apenas 20 meses, o Governo de Luís Montenegro criou 89 grupos de trabalho, o triplo do homem que já era o mestre de grupos de trabalho, que era o anterior primeiro-ministro, António Costa", apontou, como exemplo.
Neste contexto, deixou uma questão: Se o país precisa de criação de riqueza e de menor carga fiscal, "ou de mais grupos de trabalho, mais tachos e mais lugares no Estado".
No seu discurso, André Ventura referiu-se ainda a críticas que são feitas ao Chega por ter participado "em coligações negativas" ao lado dos partidos de esquerda, alterando a proposta do Governo de Orçamento.
"Diz o Governo que é vítima de coligações negativas neste parlamento, vítima de uma articulação mais ou menos secreta entre partidos para encobrir ou para distorcer o Orçamento do Estado. Mas o Chega não se move, nem nunca se moverá, por coligações partidárias. A nossa coligação é com os portugueses", contrapôs.
Segundo André Ventura, em algumas votações, o Chega teve de "assumir valores decisivos e importantes para desvirtuar este Orçamento", como o de "congelar o aumento das propinas".
"Nenhum sentido faz que os políticos tenham os seus salários aumentados e os jovens paguem mais propinas no próximo ano. Tivemos também a nossa parte e o nosso papel em garantir que mais troços de portagens acabam em Portugal", indicou.
As portagens, na sua perspetiva, são mesmo "um cancro que absorve recursos e que saca quem lá passa para distribuir por concessionárias que há 20 anos metem os homens do PS e do PSD nesses lugares".
"Quisemos garantir que as pessoas tinham mesmo aquilo que lhes prometemos e que o PSD também lhes prometeu, mas não cumpriu a sua palavra: "Que deixariam de pagar portagens", disse.
O presidente do Chega referiu-se ainda à aprovação - em sede de especialidade do Orçamento, igualmente contra a vontade do PSD e CDS - do aumento dos subsídios de patrulha destinados à PSP e à GNR.
"Entendemos que estes homens e mulheres merecem ser recompensados e reconhecidos pelo seu trabalho. Isto é desvirtuar o Orçamento, pedimos desculpa, mas as forças de segurança merecem esse esforço, essa dedicação e essa honra", sustentou.
Neste ponto, lembrou os agentes que morrem "no cumprimento do dever", razão pela qual "estar a discutir uns cêntimos do seu suplemento de patrulha seria só de uma mesquinhez incompreensível".
"Por isso, o Chega assume esses desvirtuamentos, lutámos por eles, voltaríamos a fazê-lo hoje", acentuou, fazendo então uma alusão aos antigos combatentes e às comemorações de datas históricas como o 25 de Abril de 1974 ou 0 25 de Novembro de 1975.
"Sim, também desvirtuámos aí o Orçamento, porque queríamos garantir que se lembravam dos antigos combatentes e que não andavam só com cravos ou com rosas brancas nas cerimónias a dizer que se lembram deles, mas quando chega o momento de lhes dar um pequeno reconhecimento fogem à palavra honrada", acrescentou.
