A idade deve ser o principal critério na vacinação? Os argumentos a favor e contra
É opinião de muitos, na área da saúde, que a idade deve ser o critério mais relevante na definição dos grupos prioritários na vacinação contra a Covid-19, mas há quem receie que doentes com certas patologias graves fiquem fora da primeira linha de acesso à vacina.
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No dia em que se aguardam novidades da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre uma eventual alteração dos grupos prioritários na presente fase de vacinação, o tema esteve em debate no Fórum TSF.
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, defendeu que o critério das doenças para a prioridade nas vacinas contra a Covid-19 é subjetivo e só atrasa a vacinação.
"É uma amálgama complexa, difícil, que não acelera o processo de vacinação", atirou.
No Fórum TSF, o bastonário afirmou que vacinar por idade é a forma mais eficaz de acompanhar doentes graves.
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"Se a seguir a ter as pessoas com mais de 80 anos, os profissionais de saúde e alguns grupos específicos (relativamente pequenos) vacinados, a partir daí, começarmos a vacinar 'de cima para baixo', dos mais velhos para os mais novos, vamos apanhar cada vez mais as pessoas frágeis - porque a idade em si é um grande fragilidade para esta doença - e as pessoas com mais doenças - porque as pessoas que têm mais doenças, de uma forma geral, são as que têm mais idade", alegou Miguel Guimarães.
O bastonário dos médicos está confiante de que este é o melhor método para vacinar e mostra-se convencido de que, se a DGS decidir, nesta nova fase, adotar este critério da idade, deverá contar com o apoio da Task Force do Plano de Vacinação contra a Covid-19.
Também a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar defende a idade como primeiro critério para a vacinação contra a Covid-19. O presidente da associação, Nuno Jacinto, considera que é essencial facilitar o processo.
"Precisamos de simplificar e agilizar este processo de vacinação. Já há muito que temos falado deste critério da idade (...). Acaba por facilitar todo o processo de convocatória, de seleção, e também vai retirar um pouco a carga dos centros de saúde, permitindo que outras entidades possam colaborar", argumentou Nuno Jacinto, no Fórum TSF. "Será algo importante e que pode modificar a forma como está a decorrer a vacinação."
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Já o presidente do núcleo regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Vítor Veloso, está preocupado com a possível retirada dos doentes com cancro da lista prioritária.
Vítor Veloso admite que, numa segunda fase, pode ser seguido o critério da idade, mas que, antes, é preciso vacinar os doentes mais vulneráveis.
"Os doentes com cancro ativo já deveriam ter sido vacinados e não foram vacinados", declarou.
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A preocupação é partilhada pela Associação Portuguesa de Insuficientes Renais. O presidente da associação, José Miguel Correia, defende que os doentes crónicos não devem ser excluídos.
"Consideramos que pode ser um critério a vacinação por idade, mas nunca descuidando os doentes crónicos", referiu. "Deixa-nos bastante preocupados a exclusão dos doentes renais crónicos, nomeadamente os transplantados", frisou José Miguel Correia, que fala mesmo numa "falta de critérios dentro do critério de vacinação".
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Posição diferente tem o presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal. Apesar de não esconder algum receio pela situação dos doentes diabéticos, José Manuel Boavida considera que, tendo em conta a escassez de vacinas, o melhor critério a adotar para a prioridade na vacinação é mesmo a idade.
"O critério da idade é o único critério legítimo, que não lança confusão e que todas as pessoas têm de aceitar", defendeu o presidente da associação dos diabéticos, adiantando ainda que, caso seja esta a decisão a ir para a frente, cerca de 30% das pessoas com diabetes entrarão na próxima fase de vacinação.
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