Ricardo Mexia refere que estudantes podem desempenhar algumas funções de supervisão. Miguel Guimarães alerta para falta de prática.
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A ministra da Saúde considera que, face à situação do distrito de Lisboa, poderá ter de haver um reforço de profissionais de saúde nesta zona, caso a sobrecarga já tenha sido controlada nos habituais locais de trabalho. Ricardo Mexia, da Associação dos Médicos de Saúde Pública, reitera que os recursos humanos são escassos e têm de ser reforçados.
"A manta é curta", afirma. "Temos uma escassez de profissionais, quando puxamos de um lado, é evidente que do outro lado possam faltar. Por um lado os profissionais estão muito fatigados, há também uma retirada de recursos que estavam previamente alocados, como os médicos de família que entretanto retomaram a sua atividade", explica o responsável.
Ricardo Mexia insiste que "os recursos são muito escassos e precisam de ser reforçados". "Já precisavam de ser reforçados num contexto não-pandemia, agora, perante este aumento da procura, seguramente que há uma necessidade importante de recursos humanos", aponta.
Assim, os estudantes, por exemplo, podem desempenhar algumas funções de supervisão. "Há algumas tarefas que são mais fáceis de serem desempenhadas por outros profissionais, desde que tenham uma supervisão, e sejam enquadrados nas tarefas que podem ser solicitadas", acrescenta, sublinhando que "para fazer o rastreio dos contactos há um conjunto de tarefas, nomeadamente na vigilância ativa, que podem ser desempenhadas por outros profissionais... estudantes, por exemplo, mas deve ter uma formação mínima".
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, considera que o que for necessário fazer deve ser feito para travar a situação que se vive em Lisboa e acredita que "o espírito solidário do país leva a que isso não seja uma coisa tão complicada assim".
Contudo, revela na TSF, que colocar um estudante nos hospitais pode não ser positivo. "Um estudante tem sempre limitações, tem um conhecimento sólido, sai [das universidades] com uma boa preparação teórica, mas a prática ainda é periclitante", alerta.
"Podem ajudar sempre orientados por médicos e em coisas pequenas que não põem em risco a sua própria saúde", sublinha o bastonário, explicando que os médicos, por exemplo, são "obrigados a ter seguro próprio, mas estudantes não têm e se acontece alguma coisa de mais grave isto é uma situação potencialmente perigosa".
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