"A situação é grave." Ordem dos Médicos admite "erros" e "falhas de diagnóstico" diárias nos hospitais
O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos alerta que está em causa a qualidade de assistência aos doentes.
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A Ordem dos Médicos do Sul admite que a crise nas urgências está a levar a erros e falhas de diagnóstico todos os dias nos hospitais. O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Paulo Simões, esteve na terça-feira no Hospital Garcia de Orta, em Almada, depois de se conhecer a demissão de todos os chefes de equipa de urgência, considera que a situação é muito grave em todos os hospitais na região Sul e vai pedir um encontro com o ministro da Saúde.
"Nós vamos solicitar ao ministro da Saúde uma reunião para o colocar perante estas situações e o responsabilizar porque, obviamente, se acontecer uma situação que espero que não aconteça, mas uma situação de erros ou situações de mortalidade não desejada e pouco explicada nos serviços de urgência, é óbvio que é ao ministro da Saúde que, em última instância, caberá a responsabilidade da situação e não propriamente aos médicos que estão neste momento no terreno a fazer todos os esforços possíveis e imaginários para conseguir dar resposta às necessidades da população", adiantou à TSF Paulo Simões.
O responsável admite que já estão a ser cometidos erros diários nos hospitais.
"Não preciso de ter uma evidência de uma morte inexplicável para perceber isso. Aliás, há vários estudos americanos que mostram que quando temos uma retenção de um dos serviços de urgências superior a 80 ou 90%, como é o caso, e quando temos uma afluência de doentes que têm que esperar muitas horas por atendimento, a taxa de complicações nestes serviços aumenta exponencialmente. Portanto, nós devemos estar a ter todos os dias, em muitos hospitais, erros e problemas graves por falha de diagnóstico de situações que deveriam ter sido acauteladas mas que, efetivamente, não são perante a inadequação das equipas que estão nos serviços de urgência. A situação é grave, muito grave", alertou o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos.
A Ordem dos Médicos alerta que está em causa a qualidade de assistência aos doentes.
Dezenas de hospitais do país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade das administrações completarem as escalas de médicos, na sequência de mais de 2500 médicos terem entregado escusas ao trabalho extraordinário, além das 150 horas anuais obrigatórias, em protesto após mais de 18 meses de negociações sindicais com o Governo.
Esta crise já levou o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, a admitir que este mês de novembro poderá ser dramático, caso o Governo e os sindicatos médicos não consigam chegar a um entendimento.