O prognóstico é feito pelo presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, Xavier Barreto, que pede à direção executiva do SNS que comece a planear, já, as urgências para 2024.
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A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) antevê um mês de dezembro ainda mais difícil nos hospitais depois de novembro ter sido perspetivado pelo diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) como um dos piores de sempre. Xavier Barreto, presidente da associação, não arrisca confirmar esta declaração de Fernando Araújo, mas reconhece que o mês está a ser de difícil gestão e, em dezembro, a situação não vai melhorar.
"Não sendo a resposta satisfatória, apesar de tudo foi possível responder à procura. Em dezembro, vamos continuar a trabalhar para dar a melhor resposta possível. Não será a resposta que os doentes desejam, não quero traçar um cenário dramático, mas a resposta vai ser aquém daquela que nos desejávamos", reconhece em declarações à TSF.
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Em janeiro, ano novo, contagem nova. Ou seja, tudo muda porque a partir do dia 1 os médicos estão obrigados a cumprir as 150 horas extraordinárias previstas na lei. No entanto, o presidente da APAH desafia o diretor-executivo do SNS, Fernando Araújo, a elaborar com antecedência um plano para que a situação atual - com a recusa de mais de dois mil médicos em ultrapassar o limite legal de horas extra - não se repetir em meados de 2024.
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"Se não alterarmos nada, essas horas esgotam-se rapidamente e algures em meados de 2024 vamos estar na mesma situação. Se não houver acordo, faria todo o sentido que se repensasse desde já a rede de urgências, contando que não vamos horas extra como no passado, com médicos a fazerem 400 ou 500 horas a mais", apela.
Sobre o congestionamento que se tem vivido nos serviços de urgência de alguns hospitais devido à elevada procura por parte dos utentes, como acontece no Santa Maria, em Lisboa, Xavier Barreto sublinha que a taxa de internamentos sociais - que representa quase dez por cento do total - é um dos problemas que contribui para este cenário: "Estes doentes consomem recursos do Serviço de Urgência, quando, na verdade, já deveriam estar no internamento."
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Em março, a sétima edição do Barómetro de Internamentos Sociais - realizado pela APAH - revelava que há 1675 camas ocupadas no SNS devido a internamentos inapropriados.
Os internamentos sociais, que representavam, em março, 9,4% do total de internamentos nos hospitais públicos, têm um custo anual de mais 226 milhões de euros.