Abertura "não chega". Médicos "não confiam" na "boa vontade" do Governo e mantêm recusa em exceder horas extra
Médicos garantem que não vão "parar de lutar" enquanto o ministério da Saúde não der resposta às exigências dos sindicatos.
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Os médicos vão manter a recusa em fazer mais do que as 150 horas suplementares obrigatórias por ano, situação que está a provocar constrangimentos nos serviços de urgência de todo o país.
Em declarações à TSF, a representante do movimento cívico Médicos em Luta, Helena Terleira, diz que a "abertura" expressa pelo ministro da Saúde esta quarta-feira em reunião com o bastonário da Ordem dos Médicos "não chega".
"O movimento vai aguardar com expectativa a reunião que o Ministro da Saúde fará com os sindicatos. Como dissemos desde o primeiro momento, a nossa luta cessará no momento em que os sindicatos nos disserem que a proposta do senhor ministro corresponde àquilo que eles e discutiram com ele."
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"Gostamos muito da postura do senhor bastonário, serviu de ponto de ligação entre o ministro e os sindicatos, mas as grelhas salariais, a lei da dedicação plena são tudo assuntos a discutir com os sindicatos, portanto, a nossa luta só cessa exatamente quando isso acontecer", reforça Helena Terleira.
O bastonário da Ordem dos Médicos garantiu esta quarta-feira haver abertura do Governo para reabrir a negociação de matérias que estavam encerradas, nomeadamente a fixação do horário de 35 horas semanais.
À saída de uma reunião com Manuel Pizarro, Carlos Cortes apontou ainda haver abertura do ministério da Saúde em matérias relacionadas com a carreira medica e acrescentou que muitas das questões discutiras requerem um compromisso escrito da tutela até final do próximo mês.
Para Helena Terleira "não chega". Após "17 meses de negociações, 17 meses de 'nis', agora só vamos lá com um 'sim', não é com um 'nim".
"Não podemos confiar. Durante 16 meses ou 17 ou 18 meses os sindicatos foram confiando na boa vontade do senhor ministro e não saiu nada", lamenta a representante do movimento Médicos em Luta. "Os sindicatos vão reunir e se de facto aquilo que o senhor ministro lhes apresentar corresponder às nossas ansiedades, aos nossos desejos, àquilo que temos vindo a lutar, paramos. Senão não", promete.
Também a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) assegura que nada muda com as garantias deixadas pelo Governo à Ordem dos Médicos.
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"Esta promessa das 35 horas e outras promessas nós ouvimos durante 16 meses na mesa negocial. Nada foi vertido depois, nos últimos meses, em termos de proposta concreta", condena a vice-presidente da FNAM, Vitória Martins, em declarações à TSF.
"Não podemos cair no deslumbramento de promessas. Vamos aguardar a proposta escrita deste anúncio, de forma que seja analisado pela FNAM com toda a seriedade que merece".
Vitória Martins admite que a reunião desta quarta-feira foi "importante", mas reitera que a negociação "terá que ser sempre com base, não em promessas, mas em propostas escritas".
Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), explica que a questão das 35 horas já tinha sido debatida, mas falta concretizar a proposta.
"Aguardamos que o ministério da Saúde reabra o processo negocial, porque tudo o que normalmente é expresso em reuniões depois tem de ser concretizado", defende.
"Na prática, se essas 35 horas representarem as 35 + 5 do anterior decreto-lei, nada de novo. Se representar algo de diferente, com certeza que a muito breve prazo, o ministério da Saúde terá oportunidade, junto dos sindicatos, de fazer essas essas propostas", aponta o representante do SIM.