Abril: direitos garantidos, mas pior democracia. Maior confiança nos militares, polícias e Presidente
49 anos depois, a grande maioria considera garantidos direitos essenciais, com a exceção da habitação. A sondagem da Aximage para TSF-JN-DN mostra que o 25 de Abril é o acontecimento político com "mais impacto no Portugal contemporâneo." Salgueiro Maia é o nome mais associado à Revolução.
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Convictos da importância, ao nível social e pessoal, do 25 de Abril, a grande maioria dos inquiridos (60%) desta sondagem não hesita em escolher a data como aquela que "mais impacto teve no Portugal contemporâneo," mas não esconde alguma desilusão sobre o estado da democracia e uma desconfiança em relação às principais instituições.
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43% consideram que a democracia piorou nos últimos dez anos (para 31% está "pior" e para outros 12%, "muito pior"). Mais otimistas, 33% consideram que a democracia melhorou e entre estes estão sobretudo os jovens.
Quando se tenta aferir do grau de confiança nas instituições, as Forças Armadas (43%), as polícias (38%) e o Presidente da República (38%) surgem em destaque, pela positiva recebendo uma "grande ou muito grande confiança".
Pelo contrário, no fundo da tabela estão os tribunais e juízes (17%), o Governo (22%). Pelo meio, o Ministério Público recolhe a "grande" confiança de 24% dos inquiridos, a comunicação social recebe 23% e os sindicatos, 22%.
Para a maioria dos inquiridos (86%) o 25 de Abril foi "importante" para a sociedade, sendo residual (6%) a percentagem daqueles que o desvalorizam. 74% admitem que foi um acontecimento com impacto pessoal. É por isso natural que 85% destaquem a importância do contributo para a democracia que hoje vivemos. É uma certeza que atravessa todos os partidos, regiões e classes sociais e estão incluídos, os mais jovens, aqueles que nem sequer eram nascidos quando aconteceu a Revolução.
60% consideram que o 25 de Abril foi o "acontecimento político com mais impacto no Portugal contemporâneo", 24% escolhem a adesão à então Comunidade Económica Europeia, hoje União Europeia. Com menor percentagem, surgem a implantação da República (9%) e os anos da ditadura do Estado Novo (3%).
Questionados sobre os direitos e liberdades individuais que consideram garantidos, os valores são largamente positivos, quando se trata da liberdade de voto (total de 90%), liberdade de expressão (84%), liberdade religiosa (82%), privacidade (78%) e presunção de inocência (75%).
No capítulo dos direitos sociais, os valores baixam, mas 71% concordam que está garantido o direito à educação, 65% reconhecem o direito à saúde e 67% consideram que a segurança social é também um dado adquirido. O caso muda de figura sobre o direito à habitação: menos de metade dos inquiridos (48%) considera que esse direito esteja adquirido, entre eles, 30% dos jovens que responderam à sondagem.
Confrontados com o primeiro artigo da Constituição que determina que Portugal " é uma "República soberana baseada na dignidade da pessoa humana; baseada na vontade popular; baseada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária," 46% concordam com o primeiro pressuposto, "a dignidade da pessoa humana"; 58% alinham na ideia de uma república "baseada na vontade popular e 60% apoiam o conceito "construção de uma sociedade livre, justa e solidária."
Entre as personalidades indicadas pela sondagem, 40% dos inquiridos apontam Salgueiro Maia como aquele que mais associam ao 25 de Abril. Muito mais abaixo, surge Otelo Saraiva de Carvalho com 12%. Ramalho Eanes, Sá Carneiro e Mário Soares (todos com 11%) fecham os nomes mais associados à data.
Ficha técnica:
A sondagem foi realizada pela Aximage para a TSF, JN e DN com o objetivo de conhecer a opinião dos Portugueses, sobre temas relacionados com temas relacionados com a democracia portuguesa. O trabalho de campo decorreu entre os dias de 10 e 14 de abril. Foram recolhidas 805 entrevistas, entre maiores de dezoito anos, residentes em Portugal. Foi feita uma amostragem por quotas, com sexo, idade e região, a partir do universo conhecido, reequilibrada por sexo e escolaridade. À amostra de entrevistas, corresponde um grau de confiança de 95%, com uma margem de erro de 3,45%. A responsabilidade do estudo é da Aximage Comunicação e Imagem Lda., sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.