Abusos na Igreja: PCP diz que declarações de Marcelo devem ser "desdramatizadas"
Jerónimo de Sousa não classifica asa declarações do Presidente, mas diz que não correspondem "ao posicionamento que o PCP tem".
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O secretário-geral do PCP recusou-se a classificar as declarações do Presidente da República sobre o número de testemunhos de abusos sexuais na Igreja que chegaram à comissão independente, mas considerou que a matéria "muito sensível" e que as declarações precisam de ser "sustentadas" e "desdramatizadas", sem esquecer a investigação.
"Se há situações que merecem denúncia, isso deve ser feito. Deveríamos ter, falo à vontade, essa sensibilidade para tratar um problema que merece apuramento", afirmou Jerónimo de Sousa depois da audiência com Marcelo Rebelo de Sousa em Belém.
Questionado sobre se as declarações do chefe de Estado foram infelizes, o líder do PCP respondeu: "Não queria classificar. Creio que essa declaração não corresponde ao posicionamento que o PCP tem." Acrescentando que se trata de uma matéria que merece respostas e tratamento com profundidade e determinação". "Admitimos que, caso se confirmem as denúncias, as consequências para quem as praticou", finalizou.
Interrogado ainda se o Presidente deve um pedido de desculpas às vítimas dos abusos, Jerónimo de Sousa disse: " Essa é uma pergunta que tem de dirigir ao Presidente", notando que "o PCP não costuma dar orientações ao PR".
"Mais do que um pedido de desculpas, a questão é: existe um problema, existe uma matéria, há que fazer o apuramento e, naturalmente, tirar as consequências desses factos anunciados e comprovados", reafirmou.
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Na terça-feira, questionado sobre a recolha de 424 testemunhos de abusos sexuais contra crianças na Igreja Católica em Portugal, o Presidente da República afirmou não estar surpreendido, salientou que "não há limite de tempo para estas queixas" que têm estado a ser recolhidas, algumas relativas "há 60 ou há 70 ou há 80 anos".
"Significa que estamos perante um universo de pessoas que se relacionou com a Igreja Católica de milhões ou muitas centenas de milhares", prosseguiu Marcelo Rebelo de Sousa, concluindo: "Haver 400 casos não me parece que seja particularmente elevado, porque noutros países e com horizontes mais pequenos houve milhares de casos".