"Total solidariedade" com Marcelo. Costa lamenta "interpretação inaceitável" das palavras do Presidente
Primeiro-ministro manifesta "total solidariedade" para com o chefe de Estado e afirma que quem tem feito "interpretações erradas" das palavras de Marcelo é que deve pedir desculpa ao Presidente da República.
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O primeiro-ministro, António Costa, manifestou esta quarta-feira "total solidariedade" com o Presidente da República pela "interpretação inaceitável que tem sido feita das palavras" de Marcelo sobre o número de testemunhos de abusos sexuais na Igreja.
Em declarações aos jornalistas em Viseu, o primeiro-ministro afirmou que "todos nós conhecemos bem o Presidente da República" e que, portanto, "todos sabemos bem que, para uma pessoa como o professor Marcelo Rebelo de Sousa, um caso que fosse de abuso sexual sobre crianças seria algo absolutamente intolerável", como é para o conjunto da sociedade portuguesa.
Para António Costa, a interpretação que tem sido feita sobre as declarações do chefe de Estado sobre o número de casos que chegaram à comissão independente é "muito errada", deixando claro não ter "a menor das dúvidas" sobre o que Marcelo pensa, "designadamente sobre uma matéria que afeta gravemente a consciência social".
"Não tenho qualquer dúvida que se fosse um único caso seria para o Presidente da República algo absolutamente intolerável", repetiu, afirmando que a violação dos direitos das crianças não tem a ver com quantidade: "Pode ser um ou dois mil. Cada caso é um caso de uma gravidade imensa em si própria."
E, na ótica de Costa, o Presidente da República "não quis desvalorizar" os 424 testemunhos de abusos sexuais na Igreja Católica ao considerar não se tratar de um número muito elevado.
Prosseguindo na defesa do chefe de Estado, António Costa assinalou que o PR explicou de forma clara as suas declarações na nota publicada no site da Presidência, na qual afirma que 424 casos não parece um número "particularmente elevado face à provável triste realidade, quer em Portugal, quer pelo mundo", admitindo que "terá havido também números muito superiores em Portugal".
Rematando a questão, António Costa defendeu que quem tem feito "interpretações erradas" das palavras de Marcelo é que "deve um pedido de desculpa ao Presidente da República".