Abusos sexuais continuam a ser problema "muitíssimo importante" e bateram recorde em 2022
Pedro Strecht revelou que o número de comunicações à Polícia Judiciária atingiu um novo máximo e assinalou que os dados vindos a público são apenas a "ponta do iceberg".
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O coordenador da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica, Pedro Strecht, assinalou esta terça-feira que os abusos sexuais na Igreja, mas também fora dela, não são uma questão do passado e representam um problema "muitíssimo importante".
"Insistimos muito naquilo que, dentro do próprio direito canónico, pode e deve ser feito a este propósito" depois de ter sido revelada a "ponta do iceberg", disse esta tarde, no Parlamento, onde é ouvido a pedido do PS, do PSD e do Chega.
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Strecht notou também que, em 2022, "o número de referenciações de situações de abuso sexual à Polícia Judiciária bateu um novo recorde em relação aos anos anteriores".
Os resultados do trabalho da comissão portuguesa revelam que a média de idades das vítimas que falaram, que é de "52 anos", é mais baixa do que noutros países: "Por exemplo, do que revelou tanto o estudo francês como o estudo alemão".
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Em termos de "média absoluta", Strecht aponta como padrão "pessoas nascidas em 1970", embora com a ressalva de que há uma "enorme variação" das faixas etárias: "Tivemos relatos ainda de adolescentes e relatos de pessoas de 89 anos."
O coordenador da comissão independente sublinhou ainda que mais de 80% destas vítimas lidam até hoje com danos psicológicos e que, como indica o relatório, a Igreja defendeu-se primeiro a si própria, tendo uma atitude generalizada de ocultação dos casos.