Acesso ao ensino superior. Governo justifica menos colocações na 2.ª fase com sucesso da primeira
À TSF, o secretário de Estado do Ensino Superior afirma que "houve muito menos vagas para esta segunda fase e, digamos assim, havia muitos cursos que já tinham praticamente as vagas todas ocupadas da primeira fase".
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O secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, justifica o menor número de estudantes colocados na segunda fase de acesso, face ao ano passado, com o sucesso que houve na primeira.
"A primeira fase correu muito bem. A proporção de estudantes colocados face a candidatos foi mais elevada do que nos últimos anos. Hoje houve muitos estudantes colocados nas primeiras opções. Isso teve um efeito positivo também, que foi a proporção de estudantes colocados que se matricularam realmente foi a mais elevada dos últimos anos e, portanto, houve muito menos vagas para esta segunda fase e, digamos assim, havia muitos cursos que já tinham praticamente as vagas todas ocupadas da primeira fase. Em anos anteriores, às vezes havia uma proporção de alunos que tinha ficado colocado e que não se matriculava, porventura porque não tinha ficado numa das suas primeiras opções, mas como, de facto, nós tivemos quase 90% dos alunos a ficarem numa das três primeiras opções, isso acabou por contribuir para que muitos estudantes se matriculassem", diz o governante à TSF.
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Em termos absolutos, 59 cursos não tiveram qualquer estudante colocado, mas o secretário de Estado diz que o número é enganador.
"Esse número de cursos representa essencialmente 5% do total de cursos. Portanto, apesar de tudo, estamos a falar duma percentagem relativamente pequena. A segunda nota que eu acho que vale a pena reter é que nós estamos a ver apenas uma parte do acesso. É uma parte muito significativa e mais significativa para o conjunto do sistema, mas para algumas dessas instituições e para alguns desses cursos, as outras vias de acesso que não concurso nacional de acesso - estou a falar, por exemplo, do concurso dos maiores de 23, o concurso de estudantes internacionais - na terceira fase, para os alunos que fizeram um curso técnico de ensino superior profissional poderão ter acesso, vários desses cursos já terão vagas preenchidas ou conseguirão transferir estas vagas libertas para isso e, portanto, essa grande parte de cursos não vai ficar sem alunos", garante.
Apesar do sucesso, o Governo afirma estar sempre de portas abertas a melhorias: "É nossa intenção, quando terminarmos a terceira fase no final deste mês, voltar a nomear um grupo de trabalho que reflita sobre os resultados do sistema de acesso deste ano, até porque foi um ano de mudança. Queremos fazer uma avaliação de como é que algumas das medidas novas resultaram para que para o próximo ano o grupo de trabalho faça recomendações e sejam feitos ajustamentos. O Ministério certamente que o fará, acho que é importante que as instituições também façam essa reflexão de em que medida têm uma oferta ajustada àquilo que é a procura dos estudantes e àquilo que são as necessidades também da sociedade e da economia."
A terceira fase é opcional e cabe a cada instituição decidir se abre novo concurso. No entanto, este ano, quem entrar na 2.ª e 3.ª fases vai ter a vida mais facilitada, porque foram ambas antecipadas, para que os estudantes não percam muitos dias de aulas no início do ano letivo, como acontecia até agora.
"Em muitos cursos já não o fazem, porque, como têm as vagas praticamente todas preenchidas e como têm depois de somar todas as outras vias, muitas vezes já não justifica fazer todo o processo de candidatura porque já não tem vagas disponíveis. Mas há algumas instituições tipicamente nos cursos onde ainda existe alguma capacidade disponível, que que o farão e fá-lo-ão até ao final deste mês, o que é também um aspeto positivo deste ano. Estamos agora já falar da segunda fase e as aulas ainda não começaram em muitas instituições. Isso foi um dos objetivos da revisão do sistema de acesso. Era que não só os da primeira fase soubessem resultados mais cedo, sobretudo pensar nos estudantes deslocados que tivessem mais tempo para tratar todo o processo, encontrar alojamento, a organizar a sua vida, mas também que estes da segunda fase, que normalmente eram colocados já depois do arranque do ano letivo e, portanto, perdiam algumas semanas de aulas e os da terceira fase ainda mais, tudo isso foi antecipado também, porque significa que os da segunda fase, quando se matricularem a partir de segunda-feira, em muitas instituições as aulas ou estão a começar ou ainda não começaram, começam na próxima semana, e os da terceira fase, que serão colocados no final deste mês, no fundo, em vez de perder um mês ou um mês e meio de aulas, que era o que acontecia anteriormente, vão quando muito perder uma semana de aulas ou coisa por aí", explica Pedro Nuno Teixeira.
Numa altura em que se fala da crise na educação, com muitos professores perto da reforma, o secretário de Estado do Ensino Superior sublinha o facto de todas as vagas disponíveis para os cursos de professores estarem todas preenchidas. São 118 no total.
"Todas as vagas que estavam disponibilizadas foram preenchidas. Nós no ano passado já tínhamos tido um resultado bastante positivo, mas, ainda assim, na segunda fase tinham ficado algumas dezenas de vagas por preencher nestes cursos. Este ano, todas as vagas foram preenchidas e eu acho que é também um resultado muito, muito animador, num contexto em que se tem discutido muito a questão de nós atrairmos mais estudantes para este percurso formativo e para esta carreira. Acho que é um resultado bastante animador", considera.
Foram admitidos na segunda fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior 8190, anunciou, este sábado, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, referindo que 76% foram colocados nas três primeiras opções.
No conjunto da 1.º e 2.ª fase já ingressaram no ensino superior público, através do concurso nacional de acesso, 50.767 novos estudantes.