Este ano, o Centro Hospitalar Lisboa Central já recebeu mais de 200 episódios de urgência.
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Entre outubro de 2018 e outubro de 2019, foram identificados 257 urgências como resultado de acidentes com condutores e passageiros de trotinetas, assim como atropelamentos devido a estes veículos.
Segundo o estudo Acta Médica Portuguesa, revelado esta terça-feira pelo jornal Público, de todos os acidentados, 65 foram diagnosticados com fraturas, e desses, 35 só ficaram resolvidos recorrendo a intervenção cirúrgica.
As fraturas mais observadas no estudo que o Público dá a conhecer foram na região da cintura e do tornozelo, sendo que, nesta zona, em muitos casos foi necessário recorrer ao uso de parafusos ou placas para tratar o trauma.
No estudo é ainda revelado que a média de idades dos acidentados é inferior a 40 anos, e que os acidentes acontecem maioritariamente durante o fim de semana, e durante o período da tarde e da noite.
Este ano, o número de incidentes tem vindo a crescer. Em 2022, o serviço de urgência do centro hospitalar Lisboa Central já recebeu mais de 200 episódios de urgência, devido a acidentes com trotinetas elétricas.
Contactado pelo diário, Marino Machado, o médico que assina o estudo, afirmou que é urgente haver uma maior regulamentação e legislação sobre o uso e a integração das trotinetas elétricas na cidade de Lisboa. Segundo o clínico, a falta de ciclovias, a existência de carris de elétricos nas estradas e a existência de calçada portuguesa, aumentam o risco de acidente.
Para Marino Machado, é necessário criar regras claras para o uso destes veículos. A limitação de velocidade máxima em determinadas zonas da cidade, o preenchimento de um formulário antes do desbloqueio das trotinetes, a realização de operações STOP aos utilizadores dos veículos e a abolição dos serviços em determinadas horas são algumas das propostas avançadas pelo médico.
O Jornal de Notícias revelou recentemente que, entre 2019 e 2021, a GNR e a PSP registaram 507 acidentes com trotinetas elétricas, que feriram 489 tripulantes, em todo o país.
Em Lisboa, o presidente da Câmara Municipal já revelou que é necessário um regulamento para estes veículos. De acordo com o líder do município, a capital portuguesa tem cerca de 18 mil trotinetas, três vezes mais do que aquelas que existem em Madrid, onde, segundo o portal do Turismo da cidade, estão disponíveis pouco mais de 4800 destes veículos.