Administração do Santa Maria nega afastamento de Ayres de Campos por razões políticas
A presidente do Conselho de Administração assegura que o anterior responsável pelo serviço de ginecologia e obstetrícia foi demitido depois de ter apresentado maus resultados.
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O Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria justifica a exoneração de Diogo Ayres de Campos com o facto de o antigo responsável pelo serviço de obstetrícia e ginecologia ter colocado entraves às obras na nova maternidade e ter apresentado maus resultados.
Ouvida na Comissão de Saúde, Ana Paula Martins, que preside o Conselho de Administração do Santa Maria, contrariou Diogo Ayres de Campos que, na semana passada, considerou que houve motivos políticos para o afastamento do cargo. Na explicação de Ana Paula Martins, o médico não colaborou no processo de obras na maternidade e só levantou problemas.
"Reiteradamente, o ex-diretor do serviço nos colocava sistematicamente alguns entraves que nós considerámos não serem de natureza técnico-científica. Não estar em causa, e podemos falar nisso, a segurança. A segunda questão tem a ver com os indicadores assistenciais. Infelizmente, os indicadores assistenciais não são bons e posso dizer-lhe que diminuímos em cerca de 21% o número de consultas de todas as ecografias obstétricas. A parte assistencial está, de facto, diminuída. Como está diminuído também o acesso à interrupção voluntária da gravidez", justificou Ana Paula Martins.
A presidente do Conselho de Administração do Santa Maria desmente, assim, aquilo que Diogo Ayres de Campos afirmou também na Comissão de Saúde, na semana passada, quando sugeriu que o afastamento do cargo estaria ligado a razões políticas.
Quando foi ao Parlamento, Diogo Ayres de Campos contestou o fecho do bloco de partos durante as obras, considerando que tal não seria necessário porque as obras são noutro espaço do hospital, mas Ana Paula Martins explicou aos deputados que o encerramento é inevitável.
"Precisamos de encerrar o bloco de partos e vamos encerrar no dia 1 de agosto e porque é que vamos encerrar o bloco de partos? Porque precisamos de fazer obras que são estruturais. O Santa Maria tem 70 anos e há cerca de pelo menos 30 anos - mais, até - que não tem obras no bloco de partos. É mesmo muito difícil trabalhar naquelas condições, mas mais difícil ainda é para as grávidas e para os seus bebés, para os seus acompanhantes que não têm espaço. Enfim, as condições estão muito degradadas", acrescentou a presidente do Conselho de Administração do Santa Maria.
O bloco de partos fecha a 1 de agosto, com a transferência das grávidas para o Hospital São Francisco Xavier. A TSF contactou Diogo Ayres de Campos, mas o médico não vai fazer qualquer comentário.