Administradores Hospitalares pedem base de dados única para hospitais e centros de saúde

Xavier Barreto
Pedro Correia/Global Imagens (arquivo)
A criação de um processo clínico único e digital está a avançar com fundos do Plano de Recuperação e Resiliência
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O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), Xavier Barreto, entende que devia haver uma única base de dados para hospitais e centros de saúde.
Questionado pela TSF sobre a demora no apuramento de todas as circunstâncias que levaram à morte de uma grávida e respetivo bebé no Hospital Amadora-Sintra, no dia 31 de outubro (sexta-feira), o presidente da APAH acredita que centralizar as informações dos doentes tornaria mais fácil a comunicação entre os cuidados de saúde primários e os hospitais. "Faria todo sentido fazer a agregação de toda a informação do Governo, não apenas dos cuidados de saúde primários e dos hospitais, mas também de todos os outros setores, incluindo o setor privado e social, o setor convencionado... todos os prestadores de cuidados em Portugal", elabora.
Xavier Barreto entende que "o Governo tem esta noção clara", uma vez que a ideia já estava no papel, quando tomou posse. "O anterior Governo [o de António Costa] incluiu [este projeto] no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Há um capítulo dedicado à saúde, onde estão previstos um conjunto de investimentos, e um desses investimentos é precisamente a criação de um processo clínico único, digital e que integre todos os prestadores, incluindo o setor privado e social. O [atual] Governo poderá dizer-nos porque é que isto ainda não aconteceu, ou em que pé é que está este investimento, porque ele é de facto estruturante", defende.
O presidente da APAH não comenta, contudo, a demissão do presidente da Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra, motivada pela morte da mulher grávida. Xavier Barreto deixa apenas um agradecimento pelo trabalho de Carlos Sá e pede que seja escolhido um novo diretor o mais rapidamente possível, por causa da chegada do inverno.
Base de dados única já está no papel
Este projeto de partilha de dados entre todos os prestadores de cuidados em Portugal - um processo clínico único e digital - está a avançar com fundos do PRR.
Ouvido pela TSF, o presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR, Pedro Dominguinhos, explica que o sistema está quase concluído nos centros de saúde e em andamento nos hospitais, embora de forma mais demorada nestes últimos, por ser um processo mais complexo.
Quando a nova base de dados estiver concluída, será possível fazer o cruzamento de dados entre os vários serviços de saúde, nomeadamente entre os cuidados de saúde primários e hospitalares.